‘Orçamento de 2023 não reflete as reais necessidades do Brasil’, declara Meirelles

Para o ex-ministro da Fazenda, licença para gastar em discussão pelo governo eleito 'precisa ter limite', sem crescer nos próximos anos

Henrique Meirelles. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou nesta terça-feira que o projeto de lei que trata do Orçamento de 2023 “não reflete as reais necessidades” do Brasil.

A avaliação leva em conta a previsão de uma inflação de 7% e a previsão de um benefício social no valor de R$ 400. “Não constam lá receitas que são extremamente necessárias, como a manutenção do Auxílio Brasil de R$ 600”, disse em evento do Grupo de Líderes Empresariais (Lide), em Nova York, nos Estados Unidos.

“No momento em que assume um novo governo, é absolutamente impraticável esperar que a família vivendo com R$ 600 esteja consumindo demais e vai ter que ficar com um orçamento a R$ 400. Isso não é viável”, avalia o ex-ministro.

Diante da situação, Meirelles classifica o momento como “delicado” e defende as discussões sobre o tema. “Existe uma negociação em andamento entre o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, e os líderes do Congresso.”

Ainda assim, o ex-ministro reconhece que se trata de uma negociação complicada. “Tem que se fazer uma excepcionalidade, com uma licença dada pelo Congresso para gastar acima do que está aprovado”, reconhece ele.

Para Meirelles, no entanto, “a licença para gastar precisa ter limite”. “O grande problema, que não é debatido no Brasil neste momento, é o que fazer depois. Não se pode apenas subir as despesas e depois continuar adicionando gastos nos anos futuros”, reforça.