Prefeito de Porto Alegre critica Judiciário por suspender perfis no Twitter

"Não podemos aceitar passivamente esta onda de censura às redes sociais e à liberdade de opinião", diz Sebastião Melo

Foto: Guilherme Almeida / CP

O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), criticou nesta quarta-feira o recente comportamento do Poder Judiciário por determinar a suspensão de perfis de diferentes políticos no Twitter.

Nas últimas semanas, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ordenou a retirada do ar e páginas que, segundo a Corte, compartilharam informações falsas sobre o processo eleitoral no pleito deste ano. Alguns dos alvos das decisões foram a deputada federal reeleita Carla Zambelli (PL-SP), o deputado federal eleito Nikolas Ferreira (PL-MG) e Marcos Cintra, candidato a vice da ex-presidenciável Soraya Thronicke (União Brasil).

Melo considerou a postura do Tribunal como uma ditadura. “O MDB tem na defesa da liberdade e da democracia os seus valores fundamentais. E sempre combateu o arbítrio. Hoje, porém, silencia sobre a ditadura do judiciário. Como democratas, não podemos aceitar passivamente esta onda de censura às redes sociais e à liberdade de opinião”, disse o prefeito.

De acordo com ele, “há um absoluto desrespeito às manifestações individuais e coletivas”. “Sob o pretexto de combate às fake news, redes sociais são canceladas, jornalistas censurados, vozes caladas. A violação desse direito constitucional cresce assustadoramente em nosso país”, pontuou.

“O caráter democrático, aliás, é o mesmo que me faz ser contrário a qualquer movimento que busque intervenção militar. Esse não foi e não é o país que o MDB ajudou a construir”, completa o prefeito.

Musk prometeu analisar casos

O novo dono do Twitter, Elon Musk, afirmou no domingo que vai examinar supostos casos de censura na rede social contra apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). A afirmação ocorreu após o bilionário ter sido marcado em uma publicação responsabilizando a plataforma por reprimir políticos de direita.

Em uma postagem, o comentarista Paulo Figueiredo Filho acusou a rede social de prática ilegal. “É claro que o Twitter precisa obedecer às decisões do ‘tribunal’ brasileiro. Mas a empresa foi além, impondo espontaneamente a própria censura, ainda mais rigorosa do que a de nossos tribunais falhos. Seus moderadores estão sendo mais ditatoriais do que nossos próprios tribunais”, disse. “Vou dar uma olhada nisso”, respondeu Musk.