“Precisamos estimular a vacinação contra a Covid-19”, afirma especialista

No Rio Grande do Sul, 3 milhões de pessoas estão com a dose de reforço em atraso

Foto: Guilherme Almeida/CP

Um dia após o governo do Estado confirmar a circulação da variante BQ.1 da Ccovid-19 no Rio Grande do Sul, o chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Eduardo Sprinz, reforça a importância de a população manter o calendário vacinal em dia. O especialista alerta que a sublinhagem da variante Ômicron tem capacidade maior de escapar do sistema imunológico. Apesar de projetar crescimento de casos positivos, ele não espera por uma explosão de novos diagnósticos da doença no Estado.

“Como tivemos o pico da Ômicron no início do ano, no primeiro semestre, a gente pode imaginar que as defesas estejam diminuindo e o número de casos novos vai aumentar”, ressalta. Conforme Sprinz, por conta do processo de mutação, a BQ.1 leva vantagem em relação às outras variantes porque consegue escapar mais da vigilância imunológica. “Isso significa uma catástrofe? Provavelmente, não. A grande arma que temos contra casos graves é estimular a vacinação em massa da nossa população”, completa.

Sprinz observa que a Singapura registrou picos de casos em função da circulação da BQ.1. E ressalta que uma nova sublinhagem, a XBB, também já foi relatada na África do Sul. “Essas duas sublinhagens são ‘netas e bisnetas’ da Ômicron original. E estão predominando no mundo. Levam vantagem com relação às outras subvariantes porque conseguem escapar um pouco mais da vigilância imunológica, ou seja, das nossas defesas”, compara. No Rio Grande do Sul, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) informou que 3 milhões estão com a dose de reforço em atraso. E reforçou a importância do uso de máscara pela população.

Apesar desse cenário, Sprinz explica que até o momento as novas sublinhagens não apresentaram maior letalidade. “Por enquanto, não tem por que imaginar que vai haver uma maior letalidade. De qualquer forma, precisamos estimular a vacinação”, salienta. Ele destaca que três ou mais doses ajudam a proteger contra evolução da doença para casos mais graves. Quanto maior o número de pessoas vacinadas, menor será o risco para evolução de casos mais graves. “Não vai ter aquele ‘estouro’. No pico da Ômicron já não foi assim”, afirma.

Sprinz destaca ainda a importância do uso do antiviral formado pelos comprimidos nirmatrelvir e ritonavir. O remédio, oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é indicado para o tratamento da infecção de pessoas com risco de internações, complicações e mortes por causa da doença. O medicamento, produzido pela Pfizer, foi desenvolvido para ser administrado por via oral, até cinco dias do início dos sintomas, após diagnóstico confirmado com teste reagente/detectável para o coronavírus. “Quando usado nos primeiros cinco dias de sinais e sintomas, diminuiu em 90% a chance de complicação e de evoluir para casos mais graves”, sustenta.

O especialista reforça a importância do uso de máscaras em hospitais, na contramão do decreto publicado pela prefeitura de Porto Alegre que torna facultativo o uso de máscaras em estabelecimentos de serviços de saúde públicos e privados a partir desta segunda-feira. “O uso de máscara sempre favorece a proteção de pacientes. Em ambientes em que há circulação de pacientes, e levando em consideração pacientes que potencialmente podem ter as defesas diminuídas, é recomendável o uso de máscaras tanto para os médicos quanto para os pacientes”, reforça.