Julgamento de Flordelis e filhos pode durar três dias, prevê juíza

Sessão começou com duas horas de atraso

Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil

O julgamento da ex-deputada federal Flordelis dos Santos de Souza, acusada pela morte do marido, o pastor Anderson do Carmo, pode se estender por três dias. A previsão é da juíza Nearis Arce, que preside o júri. O ritmo dos depoimentos foi lento no primeiro dia, que começou com duas horas de atraso, marcado por muitas discussões entre advogados de defesa e promotores.

A primeira testemunha a ser ouvida foi a delegada de polícia Bárbara Lomba, que presidiu a primeira fase das investigações que levaram à cadeia Flávio dos Santos Rodrigues, filho biológico de Flordelis, e Lucas Cezar dos Santos de Souza, filho adotivo, em julgamento ocorrido em novembro de 2021. O depoimento da delegada durou mais de quatro horas.

Após intervalo, foi a vez de ser ouvido o também delegado de polícia Allan Duarte Lacerda, que sucedeu a colega na condução do inquérito, na Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá. Ele explicou que teve a missão de estabelecer a motivação e a participação de outras pessoas.

Segundo ele, as linhas de investigação foram se afunilando até chegar à motivação da morte do pastor Anderson, financeira. Ele descartou a possibilidade de o crime ter sido cometido por comportamento da vítima de cunho sexual, tanto contra Flordelis quanto as filhas dela, conforme sustenta a tese da defesa da ex-deputada.

“Com relação às questões sexuais que foram ventiladas no curso do inquérito e do processo, elas foram analisadas, levadas em consideração, mas com relação à motivação do crime, a gente acredita que tenha sido financeira. Eles ventilam essa tese para mascarar a motivação real, que é a financeira. Não houve confirmação de violência sexual e o suposto autor do crime já estava morto. Por que eles não levaram isso à sede policial na época? Deixaram para acusar uma pessoa morta de violência sexual no momento em que não podia mais ser apurado”, relatou o delegado.

Também depôs a empresária Regiane Ramos Cupti, ex-patroa de Lucas e por quem nutria um sentimento maternal, ajudando o menino ao longo da vida. Ela sustentou que havia um plano inicial para incriminar somente Lucas, livrando os demais pelo crime. No início do depoimento houve um princípio de tumulto e discussão. O advogado Rodrigo Faucz, que defende Flordelis, tentou impedir Regiane de depor – iniciativa indeferida pela juíza Nearis Arce.

Também são julgados a filha biológica de Flordelis Simone dos Santos Rodrigues e os filhos afetivos André Luiz de Oliveira e Marzy Teixeira da Silva. Os três respondem por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa armada. De acordo com a acusação, houve tentativas anteriores de homicídio contra o pastor Anderson, de forma continuada, com a adição de veneno nas comidas e bebidas da vítima.

A última ré no julgamento é a neta de Flordelis Rayane dos Santos Oliveira, acusada de homicídio triplamente qualificado e associação criminosa armada.

Anderson morreu baleado logo após chegar à casa da família, na noite de 16 de junho de 2019. Em um primeiro momento, Flordelis argumentou se tratar de uma tentativa de assalto, mas as investigações provaram a tese de homicídio.