Com renda menor e mais despesas, piora saúde financeira dos brasileiros, diz estudo

Pesquisa aponta retração de 1,2 ponto na média geral em um ano

| Foto: Marcello Casal/Agência Brasil

A maioria dos brasileiros desceu degraus nas faixas que medem a sua saúde financeira no último ano. É o que revela o Índice de Saúde Financeira do Brasileiro (I-SFB) elaborado pela Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN), com apoio técnico do Banco Central (BC). O indicador mostrou que a média geral, de 57,2 no final de 2020, caiu 1,2 ponto percentual, passando para 56,0 no início de 2022, o que sugere uma piora na saúde financeira da população.

A pesquisa foi realizada entre janeiro e março de 2022 e considerou uma amostra de 4.796 pessoas, das 5 regiões do país, com idade superior a 18 anos e bancarizados. O I-SFB é medido a partir de um questionário que permite calcular uma pontuação que vai de 0 a 100, em uma classificação que vai de “ruim” a “ótima”.

Mais de 70 especialistas das áreas bancária, acadêmica, membros do Sistema Financeiro Nacional como o setor cartão de crédito, birôs de crédito, empresas de leasing, especialistas em educação financeira e planejadores financeiros, participaram de sua elaboração.

Os números mostram um efeito cascata, em que as pessoas “escorregaram” de uma faixa a outra entre a primeira e a segunda medição do I-SFB, e revelam que a saúde financeira do brasileiro está sob pressão.

RECUO

“Os resultados do ISFB em 2022 confirmam a manutenção de concentração da população nas faixas ‘baixa’, ‘muito baixa’ e ‘ruim’, representada por 52,3% da população, contra 48,3% da população em 2020. Mas o resultado atual mostra um recuo nas faixas ‘boa’, ‘muito boa’ e ‘ótima’, que passou de 41,6% da população em 2020 para 39,2% em 2022, assim como na faixa “’ok’, que também passou de 10,1% para 8,1% da população”, ressalta Amaury Oliva, diretor de Sustentabilidade, Cidadania Financeira, Relações com o Consumidor e Autorregulação da FEBRABAN

Quando perguntados sobre a frase que melhor descreve a comparação entre a renda total e os gastos na sua casa, 34,2% dos respondentes disseram que o orçamento está mais curto e gastam mais do que ganham, um aumento 5,1 pontos porcentuais em relação a 2020.

Para 31% dos respondentes sobra dinheiro no fim do mês com alguma regularidade (3,9 pontos percentuais menos em relação a 2020). Entretanto, para a maioria dos brasileiros (48,6%), existe algum nível de aperto financeiro (aumento de 1,8 pontos percentuais em relação a 2020).

Somente 19,8% dariam conta de uma despesa grande e inesperada (2 pontos percentuais menos em relação a 2020).

PREOCUPAÇÃO COM O FUTURO

Os resultados dos questionários aplicados também revelam que o brasileiro continua inseguro com relação ao futuro. Quando questionados sobre as preocupações com as despesas e compromissos financeiros, para 56,4% dos respondentes as finanças são motivo de estresse na família (redução de 1.9 pontos percentuais em relação a 2020), e para 66,6% a maneira como cuidam das finanças não os permite aproveitar a vida.

Outros 39,4% disseram não ter segurança sobre o seu futuro financeiro (aumento de 3,3 pontos percentuais em relação a 2020).

Quando perguntados “há quanto tempo as preocupações com as despesas e compromissos financeiros são motivo de estresse”, entre os que responderam “Mais ou Menos”, “Muito” ou “Totalmente”, 71% afirmaram que essa situação perdura há mais de 1 ano (em 2020, esse indicador estava em 53%).

A pesquisa também observou aumento do uso de serviços de crédito. Em 2020, cerca de 60% das pessoas usavam produtos de crédito sem finalidade específica. Em 2022, esse patamar subiu para 62,5%.