MTST mobiliza militantes para desbloquear rodovias

Em nota, direção do movimento diz que os protestos contra o resultado das eleições são tratados com "complacência" pela polícia

Foto: Alina Souza/Correio do Povo

A direção do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) orientou, nesta terça-feira, que a militância se organize para desbloquear estradas que foram obstruídas por caminhoneiros que não aceitaram a derrota do atual presidente no último domingo. Em nota divulgada nas redes sociais, o MTST diz que os protestos acontecem com “complacência das forças de segurança”, critica a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e exige “respeito às eleições”.

“Desde domingo, observamos no país travamentos que contestam o resultado eleitoral e pedem intervenção militar. Tais protestos acontecem com a complacência de forças de segurança, como a PRF. Nós, do MTST, sempre estivemos nas ruas lutando por direitos sociais legítimos, como casa e comida. Muitas dessas vezes fomos recebidos com tiros, bombas, agressões e prisões”, diz a nota.

“Diante disso, a coordenação nacional do MTST orienta sua militância nos estados a organizar manifestações para desbloquear as principais vias de acesso, exigindo o respeito às eleições. Esperamos ser tão bem recebidos pelas forças de segurança quanto os bolsonaristas estão sendo”, completa.

Segundo o diretor-executivo da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Marco Antônio Territo, a falta de liderança nas manifestações tem dificultado a negociação de desbloqueio. “Cada ponto de bloqueio é uma negociação diferente”, comentou em entrevista à Record TV nesta terça-feira (1º).

Até as 9h, a corporação havia desmontado cem bloqueios em rodovias de todo o país, mas 290 pontos ainda seguiam interditados. Os estados com mais locais de protesto são Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Decisão de Alexandre de Moraes
Em nova decisão, nesta terça-feira, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que as Polícias Militares nos estados atuem imediatamente para liberar as rodovias bloqueadas por manifestantes que protestam contra o resultado das eleições.

Segundo a decisão, as pessoas que estiverem “cometendo crimes contra o Estado democrático de Direito e a soberania nacional” podem ser multadas em R$ 100 mil por hora de descumprimento e ser presas em flagrante.

Na decisão, o ministro afirmou que a medida tem o objetivo de garantir o “resguardo da ordem no entorno e, principalmente, a segurança dos pedestres, motoristas, passageiros e dos próprios participantes do movimento ilegal que porventura venham a se posicionar em locais inapropriados nas rodovias do país”.

Alexandre de Moraes lembrou que as Polícias Militares estaduais possuem “plenas atribuições constitucionais e legais” para adotar as medidas necessárias a fim de garantir o tráfego em rodovias que estão com o trânsito bloqueado, para garantir a “total trafegabilidade” em todo o país. O ministro ainda determinou que a Polícia Militar identifique eventuais caminhões que estejam sendo utilizados para o bloqueio de rodovias.

Na segunda-feira (31), a pedido da Confederação Nacional dos Transportes, o ministro havia determinado à Polícia Rodoviária Federal (PRF) que adotasse todas as providências para o desbloqueio das vias, sob pena de multa de R$ 100 mil em caráter pessoal ao diretor-geral da PRF, a contar de meia-noite de 1º de novembro, além da possibilidade de afastamento de suas funções e até prisão em flagrante por crime de desobediência, caso necessário.