Líderes de associações e entidades manifestaram, à Rádio Guaíba, receio em relação ao risco de desabastecimento em cidades do Rio Grande do Sul devido aos protestos de caminhoneiros em rodovias do país. Com bloqueios totais ou parciais, as manifestações, organizadas por grupos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), ocorrem, desde ontem, em resposta à vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em ao menos 18 Estados e Distrito Federal.
“Hoje alguns caminhões conseguiram conduzir aves aos frigoríficos e receber os insumos de grãos, necessários para abastecer os planteis. Algumas situações, no entanto, nos preocupam. Se os bloqueios continuarem se intensificando, a partir de amanhã sentiremos o impacto em todo o nosso sistema de logística”, declarou o presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos. “Amanhã, com a continuidade dos bloqueios, há riscos ao fluxo produtivo e à entrega de produtos acabados nas redes de varejo. Pelo que mapeamos, regiões da Serra, como Caxias do Sul e Garibaldi, e do Vale do Taquari, podem ser afetadas em cheio. Teremos dificuldade em abastecer mercados e potenciais consumidores”, alertou.
Durante a conversa com a reportagem, o representante da Asgav ainda apelou aos caminhoneiros envolvidos no protesto para que flexibilizem as ações. Ele também ressaltou os esforços do setor durante a pandemia de Covid-19 no abastecimento dos municípios.
“Fazemos um apelo ao pessoal do movimento e à Polícia Rodoviária Federal (PRF) que haja uma flexibilidade para cargas que conduzem alimentos e animais. Afinal, os animais precisam se abastecer com ração e as pessoas precisam se alimentar. Não podemos afetar esses serviços essenciais”, destacou. “Durante a pandemia, fizemos esforços para o setor não parar e continuar produzindo alimentos. É sensato que essas cargas sejam liberadas”, enfatizou o presidente da Asgav.
De acordo com o Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Rio Grande do Sul (Sulpetro/RS), ainda não há consequências dos protestos para o no setor. No entanto, o líder da entidade expressou temor caso os bloqueios prossigam.
“Ainda não sentimos as consequências, pois o movimento começou ontem. Mas estamos preocupados com o desabastecimento e o encarecimento dos combustíveis. Se há insegurança na entrega, os preços sobem. Isso pode vir na sequência caso os bloqueios continuem”, afirmou o presidente da Sulpetro, João Dal’Aqua. “O país não pode ficar em uma insegurança desse tipo”, concluiu.
Contatado pela reportagem, o Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no Rio Grande do Sul (Setcergs) ressaltou que não está envolvido com as manifestações. O líder da entidade, Sérgio Gabardo, confirmou, no entanto que os protestos paralisaram os serviços do segmento.
“Está tudo parado, não há embarque e desembarque. Estamos com vários caminhões, aqui no pátio, que não podem viajar por causa dos bloqueios”, relatou o presidente da Setcergs. “Eu estou aqui trabalhando, mas o sistema parou”, concluiu.