Aliados mantêm apoio a Bolsonaro mas dizem que não há motivo para contestar resultado

Presidente ainda não se manifestou publicamente sobre a derrota na disputa pela reeleição, confirmada pelo TSE nesse domingo

Foto: Isac Nóbrega/PR

Aliados de Jair Bolsonaro (PL) afirmaram que vão manter o apoio ao presidente, mas que não veem espaço para contestar o resultado das urnas, que deram vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Bolsonaro mantém silêncio após mais de 24 horas do resultado das eleições, divulgado nesse domingo, e não parabenizou o adversário pela vitória. O petista obteve 60.345.999 dos votos (50,9%), contra 58.206.354 (49,1%) do candidato à reeleição, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O único membro do governo que se manifestou foi o vice-presidente e senador eleito pelo Rio Grande do Sul, Hamilton Mourão (Republicanos-RS). Por meio de mensagem, Mourão parabenizou o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin pela vitória.

A senadora eleita pelo Distrito Federal e ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves (Republicanos-DF), informou à reportagem que ainda não se encontrou com Bolsonaro, mas que mandou uma mensagem ao ex-chefe. “Disse que o amo, que o admiro e que o respeito”, contou. Questionada sobre a eventual contestação do pleito, Damares foi categórica ao responder que não. “O presidente já tinha dito, inclusive, em entrevistas, que aceitaria o resultado das urnas, seja ele qual fosse”, afirmou a senadora eleita.

O líder do governo na Câmara dos Deputados, deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), esteve no Palácio do Planalto mais cedo. O parlamentar evitou responder se Bolsonaro vai contestar o resultado. “Aguardemos”, limitou-se a dizer.

Já o deputado federal Evair de Melo (PP-ES) relatou ter conversado informalmente com o presidente após o resultado da eleição. Bolsonaro está, segundo o parlamentar, “estudando, ouvindo, conversando com fontes diversas”, mas ainda não bateu o martelo sobre qual posição tomar. Independentemente da atitude que Bolsonaro tomar, o parlamentar reafirmou lealdade ao presidente e disse que vai fazer oposição ferrenha a Lula na Câmara dos Deputados. Melo lembra que a nova legislatura do Congresso Nacional conta com políticos mais ligados à direita do que à esquerda.

Nesta segunda, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente e um dos coordenadores da campanha à reeleição, usou as redes sociais para agradecer aos eleitores que votaram no atual chefe do Executivo. “Obrigado a cada um que nós ajudou a resgatar o patriotismo, que orou, rezou, foi para as ruas, deu seu suor pelo país que está dando certo e deu a Bolsonaro a maior votação da sua vida! Vamos erguer a cabeça e não vamos desistir do nosso Brasil! Deus no comando”, escreveu Flávio.

Aliado de Bolsonaro, o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) também não conversou com Bolsonaro. Ele disse entender que o cenário é “complexo e difícil” e defendeu a anulação das eleições. “O que deveria ser feito é a anulação do pleito que, sem dúvidas, está viciado e foi corrompido. Há 26 anos que violam o princípio constitucional da contagem pública de votos, princípio da publicidade”, afirmou Silveira ao R7. “Essa quebra de princípios gera a quebra de paciência, gera a revolta coletiva, gera a insegurança jurídica e crises institucionais”, acrescentou o parlamentar, que teve o pedido de candidatura negado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, em 6 de setembro.

Bolsonaro iniciou o dia após a eleição com reuniões no Palácio da Alvorada. Ele se encontrou com o vice na chapa derrotada, general Braga Netto, e com o filho Flávio. Na sequência, foi ao Palácio do Planalto, onde se reuniu com ministros e aliados. À tarde, retornou à residência oficial do presidente e não falou com a imprensa.

Um assessor da Presidência da República informou que não há previsão de Bolsonaro falar com a imprensa nesta segunda-feira. A expectativa é que o presidente faça, de fato, uma declaração nesta terça.