Os setores produtivos brasileiro entenderam o movimento da manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano como uma decisão necessária. Entretanto, projetam a necessidade de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central inicie o movimento de redução do índice o mais breve possível. Essa é a posição, por exemplo, da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
“Os juros em nível mais baixo deixam de representar entrave tão intenso ao consumo e aos investimentos e, assim, permitem melhor desempenho da economia. E, além disso, não comprometem o processo de combate à inflação. Para permitir um início mais rápido e uma queda mais intensa da taxa de juros, é importante o controle dos gastos públicos e compromisso com o equilíbrio fiscal”, avalia o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
Na avaliação da CNI, a intensidade dessa política contracionista é bastante forte, pois a taxa de juros real – que desconsidera os efeitos da inflação – está em torno de 8% ao ano, o que representa 4,0 pontos percentuais acima da taxa de juros neutra, aquela que não estimula e nem desestimula a atividade econômica.
Para a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), a decisão demonstra que o longo ciclo de aperto monetário passou a fazer efeito no País. “Mesmo com o cenário externo bastante complicado, o processo de desinflação da economia brasileira tem se mantido. Porém, a falta de certeza quanto à condução da política fiscal a partir de 2023, bem como a manutenção de uma postura de responsabilidade fiscal, colocam em xeque a ancoragem das expectativas de inflação”, diz o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry.
Para o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, apesar do recuo dos núcleos e uma redução das expectativas de inflação, as expectativas seguem descoladas da meta num cenário de grande incerteza tanto no âmbito internacional, quanto nacional (especialmente do ponto de vista fiscal).
“Nessa conjuntura, é esperado que a taxa de juros real permaneça no campo contracionista por um longo período, tornando a tomada de crédito e as dívidas indexadas à Selic mais caras, impactando negativamente a atividade produtiva”, comenta.