Nesta quarta-feira (26), os diretores do Banco Central voltam a se reunir para discutir os rumos da Selic, a taxa básica de juros da economia. A aposta dos analistas do mercado financeiro é que ela continue em 13,75% ao ano, maior nível desde 2017, mas a decisão só será anunciada após o fechamento do mercado financeiro, após as 18h30.
Em setembro, o colegiado do Copom (Comitê de Política Monetária) colocou um ponto final no ciclo de alta dos juros, iniciado em março do ano passado, que levou a taxa de 2% ao ano para o patamar atual, na tentativa de conter o avanço da inflação.
Como a briga com a inflação ainda não foi vencida, Rafael Marques, economista e CEO da Philos Invest, diz que, além da manutenção da Selic, o comentário pós-decisão deve seguir a linha de estabilidade, talvez com o tom um pouco mais pesado. “Para este ano, os números já estão aí, sem grandes surpresas. A questão agora é ver 2023 e 2024. O Focus [relatório semanal, que resume as projeções do mercado para a economia] trouxe uma elevação em 24, e isso é para deixar ligado um sinal de alerta”, avalia.
A reunião do Copom começou na terça-feira (25), às 10h15, com sessões pela manhã e à tarde. Nesta quarta, é realizada mais uma sessão de manhã e, na sequência, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e os oito diretores da instituição realizam mais uma rodada de discussões, antes de anunciarem a decisão sobre a Selic.
Rodrigo Sodré, economista e sócio da BRA, também acredita que não haverá aumento da taxa de juros. “Ainda não é momento de começar a reduzir a Selic, mesmo com os dados de deflação dos últimos meses, que foram mais pontuais devido à redução dos impostos. Com esse alívio fiscal, tivemos um alívio da inflação. Ainda não podemos afrouxar a taxa de juros por conta de alguns meses de deflação”, explica.
A taxa Selic é o principal instrumento de política monetária com potencial para reduzir a inflação. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas opções de investimento pelas famílias.
Para Rodrigo Correa, especialista em finanças e sócio da BRA/BS, o Copom já encerrou a sequência de altas da taxa de juros básica, mas permanece atento a pressões inflacionárias vindas das economias globais aquecidas, à política fiscal do próximo governo brasileiro, e a possíveis notícias desinflacionárias.”O nível de incertezas macroeconômicas é alto no momento e exige a cautela do Copom. Por isso, acredito na manutenção da Selic”, afirma.
Juros básicos
A decisão a respeito dos juros ficará vigente pelo menos até os dias 6 e 7 de dezembro, quando os diretores do BC voltarão a se encontrar para discutir novamente a conjuntura econômica nacional. Para o mercado financeiro, a Selic seguirá no atual patamar até o fim deste ano.
A Selic é conhecida como taxa básica porque é a mais baixa da economia e funciona como forma de piso para os demais juros cobrados no mercado. Ela é usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.
Portanto, é a taxa que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo a empresas ou consumidores em forma de empréstimo ou financiamento. Por esse motivo, os juros que os bancos cobram dos consumidores são sempre superiores à Selic.
A taxa básica também serve como o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, perto da meta estabelecida pelo governo. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas opções de investimento.
Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexo nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.