No final da tarde deste sábado (22), coletivos e movimentos sociais reuniram-se em frente ao Clube Grêmio Náutico União, no bairro Petrópolis, na zona Leste de Porto Alegre, em um ato de apoio ao cantor Seu Jorge, que teria sido vítima de ofensas racistas durante uma apresentação no local, no último dia 14. Intitulado de “manifestação antirracista”, o evento foi majoritariamente pacífico, porém, ocorreram focos de tumulto, na Praça da Encol e na esquina da Avenida Nilópolis, no momento em que os manifestantes se dispersavam na região.
“Este ato é um protesto para fortalecer a pauta antirracista”, declarou Tamyres Filgueira, coordenadora do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros, Indígenas e Africanos (Neab) e uma das organizadoras da manifestação. “O que aconteceu com o Seu Jorge não foi um caso isolado e isso se deve, também, à conjuntura que a gente está vivendo. A gente quer passar a mensagem que não vamos mais tolerar o racismo estrutural no nosso país” enfatizou.
Com a presença de vereadores e deputados gaúchos, os integrantes do protesto se concentraram, incialmente, na Praça da Encol, às 16h. Em seguida, percorreram a Avenida Nilópolis até a sede do clube, entoando palavras de ordem.
“Nós estamos demarcando este território, a gente sabe que Porto Alegre tem uma segregação em relação à população negra. Aqui é o metro quadrado que mais concentra a ‘branquitude’, que, em sua parte, é racista e vem se utilizando do poder econômico para impor a violência simbólica e física”, disse a vereadora Karen Santos (PSOL). “Estamos aqui para dizer que o racismo não vai se criar”, enfatizou.
Na maior parte do protesto, os organizadores pediam para que os manifestantes não entrassem em confronto com opositores políticos que transitavam na região. Apesar de algumas trocas de provocações eventuais, o ato ocorreu de forma ordeira durante quase toda a sua duração.
Tumultos ao final da manifestação
No momento em que o ato chegava ao fim, um grupo de manifestantes agrediu um homem de 55 anos, na Praça da Encol. Segundo um dos agressores, o alvo do ataque teria provocado o grupo e feito menção que portava uma arma.
O homem atacado pelo bando negou as provocações e, após a intervenção de policiais, atestou-se que o indivíduo não estava armado. O filho dele, um adolescente de 16 anos, também foi agredido pelo grupo de integrantes do protesto.
Focos de tumulto também foram registrados na esquina da Avenida Nilópolis. A reportagem registrou que manifestantes utilizaram rojões, dentro de garrafas plásticas, no momento da confusão. Até o momento desta publicação, ninguém havia sido preso.
Confira o momento das agressões: