Em Porto Alegre, Lula declara que formação “escravagista” da elite atrasa educação no Brasil

Candidato à presidência prometeu investimentos no setor e solidarizou-se com artistas vítimas de racismo

Foto: Ricardo Giusti/CP

Milhares de apoiadores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participaram de uma caminhada do Largo dos Açorianos até a Praça da Matriz, passando pela Borges de Medeiros, em Porto Alegre, na tarde desta quarta-feira. Espalhados pela praça e arredores, principalmente em frente ao Palácio Piratini, ao fim do ato, eles ouviram Lula, que focou temas como educação e geração de emprego. Também falaram o candidato vice Geraldo Alckmin (PSB) e a ex-presidente Dilma Rousseff, entre outras lideranças de partidos aliados à chapa.

Lula iniciou o discurso solidarizando-se com o cantor Seu Jorge, alvo de ataques racistas em Porto Alegre, e com o humorista Eddy Júnior, vítima de preconceito em São Paulo. Ele disse que pela formação “escravista” da elite brasileira, os ricos jamais se preocuparam com a educação do povo.

“Nós queremos que a elite brasileira saiba que vamos voltar a investir em educação. Não queremos exportar só soja e minério de ferro. Queremos exportar educação”, disse o candidato. Ele recordou programas como o ProUni e Fies, ressaltando a importância das escolas técnicas e prometendo a ampliação de vagas na educação em tempo integral.

Lula falou da necessidade de rever a reforma trabalhista, “sentando com trabalhadores e empresários”. Olhando para o Piratini, ele apelou ao governador do RS, Ranolfo Vieira Junior, para que facilite o deslocamento da população pobre para votar por meio do passe livre.

Alckmin, também apontando para o Palácio, recordou a Campanha da Legalidade e memória de Leonel Brizola. “O Brasil não quer ódio, o Brasil quer paz. Não quer o desmatamento, quer educação de qualidade, universidade e institutos federais. Não quer negacionismo, quer saúde e um SUS forte”, falou. Nas bancadas do Palácio, funcionários assistiam ao ato.

Dilma Rousseff chamou de “indevido” o uso de imagens de jovens venezuelanas no DF. “Lula respeita a família. Jamais passou pela cabeça do presidente Lula não ter consideração por crianças e adolescentes”, afirmou. Próxima dela, a esposa do candidato, Janja, usou uma camiseta de movimento contra a exploração sexual infantil. Dilma ainda destacou programas sociais dos mandatos dos governos do PT.

RS, salário mínimo e agro
Antes, Lula havia concedido uma entrevista coletiva em um hotel na região central. Além de comentar sobre o cenário do segundo turno no RS, ele prometeu “aumentar o salário mínimo todo ano com ganho real”, já que nos últimos quatro anos o valor teve reajuste apenas pela inflação.

O candidato também criticou o presidente Jair Bolsonaro (PL), adversário no segundo turno, pelo que chamou de “uso da máquina”, definindo como “desespero” medidas de liberação de recursos nos últimos meses.

O petista voltou a dizer que a área do agronegócio prosperou nos mandatos do partido. “O problema do agro conosco não é dinheiro. Pode ser um problema ideológico”, disse, completando que quem trabalha na área não concorda com o desmatamento da Amazônia.