Monumento à Literatura, em Porto Alegre, volta a receber livro de bronze após sete anos

Escultor Mario Cladera fixou material em obra que retrata Carlos Drummond de Andrade e Mario Quintana na Praça da Alfândega

Livro de bronze confeccionado por Cladera recebeu reforço para evitar novos furtos | Foto: Guilherme Almeida/CP

Uma espera de sete anos e sete meses chegou ao final na manhã desta sexta-feira. O Monumento à Literatura, obra icônica na Praça da Alfândega, no Centro Histórico de Porto Alegre que celebra o encontro entre os escritores Carlos Drummond de Andrade e Mario Quintana, voltou a receber o livro esculpido em bronze integrante do conjunto. A obra, praticamente idêntica à original, foi confeccionada pelo escultor e professor Mario Cladera e seu filho Sebastian, no atelier de ambos, no bairro Cidade Baixa, também na Capital.

A soldagem do material, que durou algumas horas, chamou a atenção do público que passou pela praça. A peça, modelada a partir de uma antiga agenda, recebeu reforço na segurança, com a instalação de dois pinos de aço, para evitar furtos, a exemplo do que aconteceu com a originalmente instalada, furtada em março de 2015 e não mais vista desde então. “Seria preciso quebrar a escultura no meio para remover o livro desta vez”, explica Cladera.

O trabalho de recriar a obra de oito quilos levou cerca de 30 dias para ser concluído, e um dos desafios foi manter a essência da escultura que retrata os escritores, criada por Xico Stockinger e Eloisa Tregnago, e inaugurada na Praça da Alfândega em 2001. Outro foi concluir os trabalhos até a 68ª Feira do Livro de Porto Alegre, que, neste ano, ocorre na praça entre 28 de outubro e 15 de novembro. O Monumento à Literatura costuma ser um dos locais mais fotografados pelos visitantes do evento.

“Foi um processo bastante tranquilo [de confecção]. Tomara que esta recuperação seja o início de um trabalho que se estenda por outras praças da cidade. Este patrimônio deve ser respeitado e cuidado. É uma joia que a cidade tem, de maneira que as pessoas conseguem também usufruí-las. As praças são a casa da gente”, salientou o escultor uruguaio radicado na Capital. O Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon/RS) e a Coordenação de Artes Visuais da Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa (SMCEC) de Porto Alegre tomaram a frente do projeto.
“Estamos muito felizes com esta parceria maravilhosa com o Sinduscon/RS que possibilitou a colocação do livro na estátua do poeta e que está restaurando um dos nossos monumentos mais queridos da cidade”, afirma o titular da SMCEC, Gunter Axt. Depois de sua instalação, a escultura permaneceu intacta até outubro de 2007, quando o livro foi furtado pela primeira vez. Porém, pouco depois, foi localizado e devolvido ao seu lugar original. Em 2015, houve novo furto da peça, sempre bastante visada por vândalos, criminosos e usuários de drogas, em razão do valor agregado do bronze. No dia 20 de julho deste ano, a escultura dos dois poetas foi alvo de vandalismo, quando tinta amarela à base de água foi depositada na obra, que foi limpa no mesmo dia.