Ministério descarta caso de pólio no Pará atribuindo paralisia de criança a erro em esquema vacinal

Em nota, pasta esclarece que paciente, de 3 anos, não havia recebido vacina de vírus inativado antes de receber dose oral, o que é exigido

De acordo com OMS, a poliomielite afeta principalmente crianças com menos de 5 anos de idade, sendo que uma em cada 200 infecções leva à paralisia irreversível, geralmente das pernas. | Foto: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL

O Ministério da Saúde informou, nesta sexta-feira, que o Brasil continua sem nenhum caso de poliomielite desde 1989, após descartar uma suspeita da doença em uma criança de 3 anos no Pará.

O paciente teve paralisia flácida aguda, e um exame de fezes detectou o vírus da pólio. No entanto, uma investigação de autoridades sanitárias descobriu que a criança havia tomado uma vacina de vírus atenuado (oral) antes ter recebido a vacina de vírus inativado (injeção).

A pasta informou ainda que a paralisia é “suspostamente atribuível à vacina” oral, já que “na caderneta de vacinação da criança não consta registro de vacina inativada poliomielite (VIP), que deve ser administrada anteriormente à VOP [vacina oral poliomielite]”.

O ministério, entretanto, salienta que “o risco de paralisia flácida aguda com a VOP é muito raro e que quando a VOP é aplicada como reforço após o esquema básico com a vacina VIP esse risco é praticamente nulo”.

Ainda conforme o comunicado, a criança “não chegou a ser internada, evoluindo bem com recuperação da força muscular e permanece com discreta claudicação [comprometimento da capacidade de marcha] em membro inferior esquerdo”.

O poliovírus Sabin Like 3, detectado nas fezes da criança no Pará, não é transmissível e “não altera o cenário epidemiológico no território nacional”, completa o ministério.

“De 1989 até 2012, de 764 milhões de doses de VOP aplicadas em crianças de todo país ocorreram somente 50 casos de pólio vacinal. A partir de 2012, com a introdução do esquema sequencial VIP/VOP, não ocorreram mais casos de pólio vacinal no país”, esclarece a nota.

Em discurso na 30ª Conferência Sanitária Pan-Americana, na semana passada, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, reconheceu a ameaça da volta da poliomielite no Brasil e no restante do continente americano.

Na quarta-feira, Queiroga garantiu que o país vai atingir a meta de vacinar contra a pólio 95% do público-alvo. Atualmente, o patamar de cobertura gira em torno de 60%.

A Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite começou em 8 de agosto, sendo encerrada na última sexta-feira, depois de ter sido prorrogada em razão da baixa adesão.

Alguns estados decidiram prorrogar as campanhas por conta própria, incluindo São Paulo e o Rio Grande do Sul.

A orientação da pasta é que crianças de 1 a 4 anos recebam uma dose da VOP (vacina oral poliomielite), desde que já tenham recebido as três doses da VIP (vacina inativada poliomielite) previstas no esquema básico.

Outra suspeita de poliomielite, sob investigação em Roraima, também já havia sido descartada.