Leite anuncia que se manterá neutro em relação à eleição nacional

Discurso do ex-governador indica mudança de tom na corrida pelo Planalto

Foto: Rádio Guaíba

O candidato ao governo do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), anunciou na manhã desta sexta-feira que ficará neutro em relação à eleição nacional. A posição já havia sido adiantada nessa quinta-feira pelo Correio do Povo.

Para o anúncio, a coligação encabeçada pelo tucano na corrida estadual organizou um evento com apoiadores e parte de lideranças dos partidos que compõem a aliança no comitê central de campanha, na avenida Brasil.

O ato faz parte da nova estratégia da campanha tucana, de tentar demonstrar capacidade de aglutinação de diferentes perfis ideológicos, já que Leite precisa de votos de eleitores que, no primeiro turno, optaram pelo então candidato petista.

As falas do ex-governador também evidenciaram que ele deve começar a “bater” com força em seu adversário na disputa, o deputado Onyx Lorenzoni (PL).

Em vários momentos de sua manifestação, Leite teceu duras críticas ao ex-ministro, e repetiu que Onyx “não conhece o RS, não tem propostas e não tem soluções.” Em uma das falas, quando questionado sobre o fato de ter disputado a eleição passada contra o MDB e agora ter o partido de vice, disse que a situação atual é completamente diferente, e emendou: “Naquela eleição nunca questionei a idoneidade do meu adversário. Mas meu adversário de agora foi praticante confesso de um crime de caixa 2. Vamos debater propostas mas vamos ter que debater caráter também.”

Em outro momento o tucano lembrou que Onyx concorreu a prefeitura de Porto Alegre em duas ocasiões e em ambas, não obteve sucesso. “Pelas suas próprias pernas, não conseguiu. Agora se pendura em outra liderança. O RS quer liderança própria, aqui não é curral eleitoral.”

A nova estratégia em curso vai tentar mesclar a aposta na campanha programática, que analistas políticos dentro e fora da coligação avaliam que favorece Leite, com uma linha de embate direto de valores que tem se mostrado eficaz nos últimos anos. A diferença, no caso de Leite, é que ele vai tentar fugir do embate ideológico e de valores morais generalizados que caracteriza a disputa nacional e colocar em seu lugar a chamada disputa de biografias, concentrando os golpes especificamente na figura de Onyx. Na coletiva de imprensa que se seguiu ao anúncio, ele chegou a dizer que os dois chegam ao segundo turno “partindo do zero” e que pretende virar parte dos votos dados a Onyx no primeiro turno.

Apesar da insistência dos jornalistas, o ex-governador negou-se a responder se está arrependido de ter votado no presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2018.

No último domingo, Leite quase não foi para o segundo turno e saiu atrás do candidato do PL. O ex-governador teve 26,81% dos votos válidos (1.702.815), e Lorenzoni obteve 37,50% (2.382.026).