Fiocruz: reforço com vacinas diferentes oferece mais proteção contra a Covid-19

Cientistas mostraram que estratégia de imunização heteróloga pode ser mais eficaz, por exemplo, para conter variante Ômicron

Foto: Cristine Rochol/PMPA/Arquivo

Um estudo realizado no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal) demonstrou que as pessoas que foram imunizadas com duas doses da vacina CoronaVac – de vírus inativado – garantem mais mais proteção contra a Covid-19 leve e grave quando recebem a terceira dose à base de mRNA – tecnologia empregada na vacina da Pfizer.

A pesquisa, publicada no jornal Nature Communications, pretende fornecer base para a aplicação de estratégias de reforço em países em que a maior parte da população recebeu a vacina de vírus inativado – regiões de renda média e baixa –, principalmente com a chegada de novas variantes de preocupação, como a Ômicron.

A análise envolveu 2,8 milhões de voluntários entre dezembro de 2021, quando a variante circulante no Brasil era a Delta, e abril de 2022 (data em que a BA.1, da Ômicron, era responsável pela maioria das infecções por coronavírus). Foram analisados os quadros de pacientes de todos os 5.570 municípios do País.

Os pesquisadores avaliaram a efetividade da dose de reforço com a vacina de vírus inativado (CoronaVac) e com a de mRNA (Pfizer) em adultos brasileiros que receberam, inicialmente, duas doses da CoronaVac.

Os cientistas concluíram que a vacinação inicial com as duas doses da CoronaVac quase não fornece proteção contra os quadros leves de Covid-19 causados pela Ômicron. Já nas formas graves da doença, o imunizante fornece uma proteção de 40%-50%.

A dose de reforço com a vacina de vírus inativado não oferece proteção adicional contra os casos sintomáticos de Covid, mas concedeu uma proteção moderada contra a forma grave da doença – 74% nos quadros leves e até 40%-50% em pessoas acima de 75 anos. Porém, o efeito de defesa pareceu diminuir após quatro meses.

Diferentemente da CoronaVac, o reforço com a Pfizer forneceu proteção adicional maior nos dois casos, sendo de 56,8% na forma sintomática da doença e 86% na grave. Além disso, a proteção pareceu durar, ao menos, quatro meses.

A descoberta mostra que indivíduos que foram vacinados inicialmente com imunizantes de vírus inativo devem receber o reforço heterólogo (diferente das demais doses e, nesse caso, com a vacina de mRNA).