Um pequeno avião monomotor caiu nas águas do Guaíba nessa segunda-feira, na altura do bairro Ponta Grossa, em Porto Alegre. O acidente ocorreu na mesma área onde se deu o maior desastre aéreo da capital, na década de 40. Em 20 de junho de 1944, às 11h30min, um temporal derrubou um avião da Varig, o Electra PP-VAQ.
A capa do Correio do Povo do dia seguinte mostrou a aeronave quase submersa e apenas a cauda visível. O avião saiu de Pelotas com nove passageiros e dois tripulantes. O tempo ainda era bom entre o Sul e a capital, mas na aproximação, o cenário mudou.
No livro de acidentes aéreos “O Rastro da Bruxa”, o comandante Carlos Ari Germano da Silva relata que o Electra caiu a minutos do então Aeroporto Federal São João, na capital, em meio ao temporal. O piloto Ricardo Lau seguiu sobrevoando o Guaíba, tentando achar o aeroporto, porém a tempestade era forte, com raios e chuva intensa.
Voando a baixa altitude, com visibilidade descrita pelo telegrafista do avião à estação de rádio-telégrafo da Varig como “quase nula” pela chuva, vento e turbulência, o Electra caiu no Guaíba, se destroçou e afundou.
Houve esforço de resgate na Ponta Grossa, mas todos morreram. A tripulação havia sido alertada do mau tempo, mas a tempestade quase coincidiu com a chegada. O avião pode ter sido derrubado por corrente descendente de vento, ou a baixa visibilidade levou o piloto a confundir a chuva com o lago.
A MetSul reconstituiu o tempo naquele dia, quando inexistiam radares meteorológicos, satélite e modelos. Às 9h, fazia 12,9ºC em Porto Alegre. Às 15h, 14,4ºC, e às 21h, 15ºC. A máxima do dia chegou a 15,5ºC. A chuva entre 20 e 21 de junho somou 89,3mm, volume muito alto para um período de apenas 24h. Os dados sugerem, pela chuva forte, tempo bom em rota desde a saída do Sul e elevação da temperatura depois da tempestade, que a aeronave enfrentou uma frente quente, vinda de Noroeste.