Vices ganham papel de protagonismo nas eleições do RS

Das dez chapas ao governo do Estado, em seis a escolha foi por mulheres, mostrando a importância do voto feminino

Candidatos a vice-governador no RS. Foto: Divulgação TSE

As eleições majoritárias no Rio Grande do Sul neste ano trazem os candidatos a vice-governador ganhando papel de protagonismo, na comparação com pleitos anteriores. Das dez chapas que estão na disputa ao governo do Estado, em seis a escolha foi por mulheres, mostrando a importância do voto feminino no certame. Apelando para a representatividade, as coligações buscam o voto das mulheres, aumentando as chances de, pela primeira vez na história, eleger uma vice-governadora.

Em outras duas candidaturas postulantes ao Piratini, antigos cabeças de chapa abdicaram da possibilidade de liderar a disputa e passaram a integrar projetos de outros candidatos através de coligações. Esses foram os casos do deputado estadual Gabriel Souza (MDB), em um processo que provocou embates internos na sigla, que não terá candidato ao cargo principal do executivo gaúcho pela primeira vez depois da redemocratização, e do vereador de Porto Alegre Pedro Ruas (PSol), em uma aliança inédita entre seu partido e o PT no Estado, que já estava selada no âmbito nacional, mas também encontrava entraves no RS. Eles concorrem às vagas de vice nas candidaturas de Eduardo Leite (PSDB) e Edegar Pretto (PT), respectivamente.

Primeira chapa a ser fechada, a de Luis Carlos Heinze (PP), mostrou convicção na vereadora da Capital Tanise Sabino (PTB) e, ainda em março, já havia a definição do seu nome. Nos casos do posto nas candidaturas de Onyx Lorenzoni (PL) e Vieira da Cunha (PDT), a definição, por outro lado, veio próximo ao encerramento do prazo previsto pela legislação eleitoral, no início de agosto. As chapas ainda trabalhavam com a possibilidade de coligações e, por isso, mantinham o cargo em aberto como uma moeda de troca e de negociação. Ambos chegaram a conversar com outras siglas, mas a impossibilidade de acerto acabou fazendo com que as escolhas viessem de quadros internos dos partidos. As professoras Cláudia Jardim (PL) e Regina (PDT) acabaram ficando com os postos de vice.

Das coligações que estão em disputa ao governo do Estado, Vera Rosane integra a única majoritária composta somente por mulheres, concorrendo a vice de Rejane de Oliveira, em chapa pura do PSTU.  Quem também optou por mulheres na vice foram Roberto Argenta (PSC), que tem Nívea Rosa (Solidariedade), oriunda da área da saúde, no posto, e a chapa pura do PSB, encabeçada por Vicente Bogo, que escolheu a professora Josi Paz para concorrer a vice.

Cláudia Jardim (PL)

Vice-prefeita de Guaíba eleita em 2020, a professora de 40 anos é casada e mãe de cinco filhos. Graduada em Pedagogia e pós-graduada em Gestão Escolar e Educação Especial, a candidata conclui neste ano o mestrado em Educação. Foi eleita vereadora em Guaíba em 2012, na sua primeira disputa, sendo reconduzida ao cargo quatro anos depois. A candidata a vice de Onyx Lorenzoni (PL) esteve à frente das pastas de Educação, Assistência Social e Agricultura e Meio Ambiente do município. A definição de seu nome ocorreu no limite legal, 5 de agosto. Antes, o PL chegou a sondar outros partidos para a chapa como MDB e União Brasil.

Edson Canabarro (PCB)

Servidor público aposentado da educação, tem 78 anos e milita no PCB desde a década de 1970. Natural de Quaraí, na fronteira com o Uruguai, o candidato a vice na chapa de Carlos Messalla foi professor da disciplina de física no Colégio Parobé, em Porto Alegre. Sindicalista, Canabarro foi dirigente do Cpers-Sindicato. O comunista disputa, no entanto, somente sua terceira eleição. O professor aposentado postulou o cargo de deputado federal nas eleições de 2010 e 2014, antes de ser escolhido pela sigla para compor a chapa majoritária neste ano. Entre os vices, é o candidato mais velho na disputa.

Gabriel Souza (MDB)

Médico veterinário residente em Tramandaí, aos 38 anos, é também mestre em Direito e pós-graduado em Gestão Pública. Deputado estadual do MDB mais votado em 2018, para o segundo mandato consecutivo, foi presidente da Assembleia em 2021. Na gestão anterior, de José Ivo Sartori, foi líder do governo. Foi pré-candidato ao governo antes do MDB decidir pela coligação com Eduardo Leite (PSDB), em um processo que provocou rachaduras. Prega que era necessária continuidade nas ações das últimas duas gestões. Será a primeira vez após a redemocratização que o MDB não terá um concorrente na cabeça da chapa majoritária.

Josi Paz (PSB)

Natural de Montenegro, ela tem 43 anos, é formada em Ciências Biológicas e é professora do Ensino Médio. Candidata a vice na chapa do PSB que tem Vicente Bogo como postulante ao Piratini, é pós-graduanda em Administração Pública e Gerência de Cidades. Casada com um major da Brigada Militar, disse defender bandeiras da família brigadiana. Ingressou no PSB em 2012, sendo eleita vereadora em 2016. Antes, foi agente de saúde, conselheira tutelar, delegada regional do Trabalho e Desenvolvimento Social e secretária municipal de Assistência Social e Cidadania. Defende a maior participação de mulheres na política.

Nivea Rosa (Solidariedade)

Aos 46 anos, a psicóloga e professora universitária natural de Uruguaiana concorre pela primeira vez. Funcionária pública municipal em Caxias do Sul na saúde, área em que atua há 27 anos, chegando a ser socorrista do Samu, ela é pós-graduada em Terapia Familiar, Aconselhamento Pastoral em Psicologia e Docência do Ensino Superior. Atua como líder comunitária em parcerias com ONGs e faz parte dos Conselhos de Saúde tanto a nível municipal quanto estadual. Mulher negra oriunda da periferia, entende ser fundamental unir essa vivência a do empresário Roberto Argenta (PSC), cabeça da sua chapa.

Pedro Ruas (PSol)

Advogado trabalhista, Pedro Ruas, aos 66 anos, é vereador de Porto Alegre, cargo para o qual foi eleito seis vezes. Também já foi deputado estadual e secretário municipal. Natural da Capital, iniciou sua trajetória política no PDT, pelo qual foi secretário de Obras Públicas no governo do ex-prefeito Olívio Dutra (PT), candidato ao Senado na chapa que tem Edegar Pretto (PT) a governador. Foi um dos fundadores do PSol, sendo o primeiro político do partido a ocupar uma cadeira na Assembleia. Ruas era pré-candidato à cabeça de chapa da federação PSol-Rede, abrindo mão para concorrer a vice de Pretto no final de julho.

Professora Regina (PDT)

Regina Costa dos Santos tem 40 anos e é natural de Erechim, mas estabeleceu sua carreira como docente em Passo Fundo. No município, foi eleita vereadora em 2020. Formada em Pedagogia e Especialista em Educação, na juventude militou em movimentos estudantis e comunitários e por uma década foi dirigente do Sindicato Municipal dos Professores de Passo Fundo (CMP-Sindicato). No entanto, o ingresso na política partidária ocorreu há dois anos, com o ingresso no PDT. A escolha da sigla, segundo a candidata a vice de Vieira da Cunha (PDT), deu-se por “considerar o partido da Educação Pública”.

Rafael Dresch (Novo)

Natural de Porto Alegre, o candidato a vice de Ricardo Jobim (Novo) tem 46 anos. Advogado e professor universitário na Faculdade de Direito e de Pós-Graduação em Direito da UFRGS, é mestre em Direito Privado e doutor em Direito, com pós-doutorado em Illinois, nos Estados Unidos. Dresch é filiado ao Novo desde 2018. Seguindo os processos internos da sigla, passou pelo processo seletivo, que consiste em entrevistas, avaliação de currículo e vida pregressa antes de ser confirmado candidato a vice. Define-se como defensor da educação e de princípios como liberdade, transparência e a busca por segurança, saúde para todos.

Tanise Sabino (PTB)

Psicóloga de 42 anos de idade, é natural de Porto Alegre, onde atualmente é vereadora, eleita em 2020, na primeira eleição que disputou. Antes disso teve experiências no executivo municipal como chefe do gabinete médico do DMAE, diretora da Escola de Gestão Pública e secretária-adjunta de Planejamento Estratégico e Orçamento. Na Câmara da Capital, sua atuação é voltada para a promoção da saúde mental, com foco na prevenção da automutilação, suicídio, dependência química e violência contra as mulheres. Candidata a vice de Luis Carlos Heinze (PP), é casada com o deputado estadual Elizandro Sabino (PTB).

Vera Rosane (PSTU)

Nascida em Porto Alegre, a candidata tem 57 anos e é mãe de dois filhos. Formada em Ciências Sociais, Vera é doutora em Educação. Servidora pública federal aposentada, presidente estadual do PSTU e membro da Secretaria Nacional de Mulheres da legenda, é a segunda vez que ela disputa o cargo de vice-governadora, agora com Rejane de Oliveira na cabeça de chapa. A primeira foi em 2010, quando Júlio Flores concorreu ao Piratini. Nas duas últimas eleições municipais, em 2016 e 2020, foi candidata a vice de Porto Alegre. Entre suas principais bandeiras estão o combate à fome, ao desemprego e à falta de moradia.