Caso Eliseu: viúva e testemunha prestam depoimento em manhã de julgamento na Capital

Conselho de Sentença é formado por quatro mulheres e três homens

Foto: Juliano Verardi/TJRS

O início do julgamento do terceiro réu pelo assassinato de Eliseu Santos, então secretário de Saúde de Porto Alegre, foi marcado, na manhã desta quinta-feira (22), pelo depoimento de duas testemunhas consideradas chave no processo. A viúva do médico e político, Denise Goulart da Silva, e Fábio Lasta, que presenciou os fatos ocorridos em fevereiro de 2010, no bairro Floresta, na Capital, foram ouvidos no Foro Central logo após o sorteio dos jurados.

O Conselho de Sentença é formado por quatro mulheres e três homens. Ao final do júri, eles responderão individualmente a uma série de perguntas sobre a conduta do réu, Robinson Teixeira dos Santos, de 35 anos. O acusado, que está preso por participação em outro crime, é apontado como o responsável por dirigir o carro dos criminosos que executaram o médico, e político, há mais de 12 anos.

Fábio, que morava próximo ao local do crime, cometido na saída de um culto religioso, foi ouvido por meio de videoconferência e não autorizou a transmissão de sua imagem. Ele relatou que duas armas diferentes foram usadas no assassinato. A testemunha disse ainda que, ao ouvir aos disparos, desceu do apartamento e se deparou com a viúva Denise e a filha da vítima, de apenas sete anos, chorando sobre o corpo de Eliseu.

Já Denise frisou que a menina, hoje uma mulher de 19 anos, lembra com frequência da sequência de disparos que tiraram a vida do pai. O depoimento dela foi encerrado após uma pergunta do juiz Thomas Vinícius Schons sobre a rotina da família após o crime. A viúva afirmou que sessões de terapia viraram parte do dia-a-dia dela e da filha, que também convivem com uma série de problemas financeiros.

Outras duas testemunhas serão ouvidas no decorrer do dia: Leudo Irajá Santos Costa e Sylvio Edmundo Júnior. Todos os depoimentos foram solicitados pela acusação. Depois, os promotores Lúcia Helena Callegari e Eugênio Paes Amorim participarão da fase de debates junto aos advogados do réu: Cássia Juliana Vargas Dornelles, Diorge Diander da Cunha Rocha e Pâmela Donida Farias. A sentença deve sair à noite.

Relembre o caso

O então secretário de Saúde de Porto Alegre, Eliseu Santos, foi morto aos 63 anos na saída de um culto religioso, no bairro Floresta, em Porto Alegre, na presença da mulher e da filha, que tinha apenas sete anos. O então secretário estava armado, tentou revidar os disparos, mas não resistiu. Polícia Civil e Ministério Público divergem quanto ao caso. A investigação conduzida à época apontou que Eliseu havia sido vítima de um latrocínio.

A versão dos fatos que é julgada, entretanto, é a do MP – que sustenta que a morte foi encomendada. Isso porque o secretário teria descoberto um esquema de corrupção, envolvendo a empresa responsável pela vigilância dos postos de saúde da Capital à época dos fatos. Com isso, 12 pessoas respondem pelo assassinato. Duas já foram condenadas: Eliseu Gomes e Fernando Krol, sentenciados a 27 anos e 10 meses de prisão em 2016.

Além do júri que acontece hoje, envolvendo Robinson, outros três devem acontecer ainda neste ano, com mais seis réus. Dois acusados fazem parte de um processo que sequer tem previsão de ir a julgamento. Em 19 de outubro, o julgamento será de Jorge Renato Hordoff de Mello. Já em 23 de novembro, sentam no banco dos réus Jonatas Pompeu Gomes e Marcelo Machado Pio.

Por sua vez, Cássio Medeiros de Abreu, Marco Antonio de Souza Bernardes e José Carlos Elmer Brack serão julgados em 12 de dezembro. Todos os réus negam envolvimento no crime.

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