Após três anos, governo avalia retorno do horário de verão

Segundo Ministério de Minas e Energia, estudos sobre a política ocorrem constantemente; medida deixou de ser adotada em 2019

Foto: Arquivo/Agência Brasil

O governo federal avalia a possibilidade de retorno do horário de verão, encerrado em 2019, após uma análise do Ministério de Minas e Energia (MME) apontar que a economia de energia havia sido, na época, de R$ 100 milhões, valor quatro vezes menor em relação ao de 2013. A decisão final cabe ao presidente Jair Bolsonaro (PL), mas a pasta pediu ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estudos sobre a medida.

Em nota, o Ministério informou que, tendo em vista a competência legal para formulação e aprimoramento das políticas públicas voltadas para o setor energético, “realiza constantemente estudos, pesquisas e avaliações técnicas das melhores medidas possíveis sobre o tema, de acordo com o contexto energético vigente, a fim de manter a segurança energética e a modicidade tarifária ao consumidor brasileiro”.

“Desta forma, ainda não há definição com relação às implicações e implementação da referida medida”, explicou o Ministério.

Procurado pelo R7, o ONS ainda não se pronunciou sobre os estudos produzidos recentemente. O espaço segue aberto para manifestações.

O horário de verão acabou extinto, em abril de 2019, com base em estudos do ministério, que destacaram a “pouca efetividade” na economia energética, e também em estudos da área da saúde, sobre o quanto o horário de verão afeta o relógio biológico das pessoas.

Hábitos de consumo
À época do encerramento da política, o ministério informou que, nos últimos anos, com as mudanças no hábito de consumo da população e a intensificação do uso do ar condicionado, o período de maior consumo diário de energia elétrica se deslocou para o período da tarde, quando o horário de verão não tinha influência.

“O horário de verão também passou a produzir um efeito de aumento de consumo em determinados horários, que já superavam seus benefícios”, explicou o MME em nota na época.

Segundo o ministério, a redução da economia do horário de verão começou a ser percebida e questionada em 2017, quando se registrou uma queda de consumo da ordem de 2.185 megawatts, equivalente a cerca de R$ 145 milhões. Em 2013, a economia havia sido de R$ 405 milhões, caindo para R$ 159,5 milhões em 2016, uma diminuição de 60%.

Criação
Criado com a finalidade de aproveitar o maior período de luz solar durante a época mais quente do ano, o horário de verão começou a ser implantado no Brasil em 1931, no governo do então presidente Getúlio Vargas, sendo adotado em caráter permanente a partir de 2008.

Atualmente, mais de 30 países se valem dessa tática para aproveitar melhor a luz do sol. No entanto, mudanças nos hábitos do consumidor e avanço da tecnologia reduziram a relevância da economia de energia ao longo dos anos – argumento usado pelo governo brasileiro para extinguir a medida.