Caso Gabriel: Corregedoria da BM toma depoimento de foragido que garante ter matado adolescente “por dinheiro”

Coronel Vladimir Silva da Rosa disse não descartar que "esta possa ser uma das pontas que estão faltando na investigação"; Três PMs foram indiciados pelo homicídio, durante a semana passada

Foto: Redes sociais/Reprodução

Um homem considerado foragido pela Justiça, de 59 anos, está sendo ouvido, neste domingo, em Santa Maria, pela Corregedoria da Brigada Militar, após ter, supostamente, admitido a autoria da morte do adolescente Gabriel Marques Cavalheiro, de 18 anos, encontrado submerso em um açude, em 19 de agosto na localidade de Lava Pé, em São Gabriel, na fronteira Oeste. Segundo o boletim de ocorrência, o homem confessou o suposto envolvimento no caso ao ser detido, na noite passada, no bairro Noal. Ele contou ter recebido R$ 15 mil para matar o jovem e que três pessoas – duas mulheres e um homem – arquitetaram o crime.

Durante a semana passada, os três policiais militares que abordaram Gabriel, no dia em que o jovem desapareceu, foram indiciados por homicídio triplamente qualificado. Além da investigação criminal, a cargo da Polícia Civil, os três foram considerados culpados pelo Inquérito Policial Militar (IPM), elaborado pela Corregedoria da BM, que apontou transgressões militares, e correm risco de serem expulsos da corporação.

A BM chegou ao foragido ao receber informações do Setor de Inteligência da corporação. De acordo com o boletim de ocorrência da prisão, o órgão havia sido acionado por um vizinho do foragido, que relatou ter ouvido o homem conversar com outra pessoa sobre o caso da morte de Gabriel. Quando a viatura chegou ao local onde ambos residem e deu voz de prisão ao homem de 59 anos, ele mesmo disse ter algo “muito importante” a contar.

“É um fato novo, e estamos apurando o relato. Não descartamos que esta possa ser uma das pontas que estão faltando na investigação, como, por exemplo, o fato de que ainda não sabemos ao certo como foi que o corpo de Gabriel foi parar no açude”, declarou o corregedor-geral da Brigada Militar, coronel Vladimir Silva da Rosa, à Rádio Guaíba. “Mas ainda faltam provas, como o exame de DNA. Além disso, precisamos verificar se o homem possui algum tipo de doença mental para ter certeza se o que ele está dizendo é verdade”, completou o oficial.

O coronel também confirmou à reportagem que uma equipe da Corregedoria está em Santa Maria para colher o relato do suspeito ainda hoje.

De acordo com a ocorrência, o homem disse ter sido contatado por uma mulher, moradora de São Gabriel, que o informou sobre localidade do jovem. O suspeito relata ter assassinado Gabriel com golpes de um cabo de machado colocado o corpo do adolescente no açude. Ele também conta que usou um veículo Santana com placas trocadas para desovar o corpo do adolescente no açude e que, no dia seguinte ao crime, lavou o carro com querosene e água quente.

“Assim que tomamos conhecimento dessa informação, fizemos contato com o comando-geral da BM”, afirmou o José Clemente da Silva Corrêa, presidente da Associação Beneficente Antonio Mendes Filho (Abamf). “Estão buscando todas as possibilidades para esclarecer a informação e, assim que a tiverem, irão nos repassar”, completou o líder da entidade dos servidores de nível médio da BM. Clemente também assegurou que representantes da Abamf foram destacados para acompanhar o caso em Santa Maria.

Até o momento, as autoridades policiais não confirmaram que antecedentes o foragido tinha na ficha criminal. Ao ser detido, contudo, o homem contou já ter cometido mais de 20 homicídios, e que “mata por dinheiro”.