Entenda por que arma usada em atentado contra Kirchner falhou

Em entrevista ao Clarín, professor de criminologia e criminalística acredita que não havia projétil na câmara no momento do disparo

Foto: TV Publica Argentina / Divulgação

A vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, virou alvo de um atentado, na noite dessa quinta-feira, quando o brasileiro Fernando Andrés Sabag Montiel apontou uma pistola contra o rosto da autoridade. A arma da marca Bersa, porém, falhou e nenhuma bala chegou a ser disparada, apesar de o atirador ter puxado o gatilho.

Em entrevista ao Clarín, o professor em criminologia e criminalística Raúl Osvaldo Torre disse acreditar que não havia nenhum cartucho no cano da arma no momento em que Fernando realizou o disparo. “Para que um projétil disparado saia, você tem que alojar um cartucho na câmara. Para isso, você tem que arrastar manualmente o slide e lá fica alojado um cartucho. Isso não aconteceu neste caso, não havia um projétil na câmara”, explica.

O especialista ainda salienta que uma espécie de líquido, como um lubrificante, chega a atingir Kirchner, que após o disparo se abaixa para pegar o livro que autografava no momento do ataque.

A arma, que ainda não teve modelo e calibre divulgados, é semiautomática. Ou seja, para que um projétil entre na câmara, é necessário que o slide em cima da pistola seja puxado para trás. Sem essa ação, o gatilho pode ser puxado inúmeras vezes sem o disparo de qualquer projétil. “Qualquer um desses calibres [.32 ou .380] da Bersa tem bastante capacidade de dano e a essa distância é mortal”, ressalta Torre.

Ainda segundo informações do Clarín, a pistola Bersa Model Lusber 84 mede 11,4 cm de comprimento e pesa pouco mais de 572g descarregada. O cartucho da arma comporta sete projéteis.

A polícia da Argentina encontrou ao menos cem balas na casa de Fernando. Um amigo do atirador disse que o brasileiro contou que pretendia comprar uma arma para se defender, mas pela fama de mentiroso compulsivo do rapaz, ninguém acreditou na afirmação.