TSE mantém decisão que tirou do ar vídeo de Bolsonaro com embaixadores

Plenário do tribunal entendeu que vídeo da reunião pode caracterizar meio abusivo para obtenção de votos pelo presidente

Foto: Cleber Clauber Caetano/PR

O plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou, por unanimidade, nesta terça-feira, uma decisão do ministro Mauro Campbell Marques que retirou do ar o vídeo da reunião do presidente Jair Bolsonaro com embaixadores, na qual ele levantou dúvidas sobre o sistema eleitoral e a segurança da urna eletrônica.

No encontro com diplomatas, Bolsonaro disse, entre outros pontos, que as urnas completaram automaticamente o voto no PT nas eleições de 2018, que os aparelhos não dispõem de sistemas que permitem auditoria, que não é possível acompanhar a contagem dos votos e que a apuração é realizada por uma empresa terceirizada. As redes sociais do presidente e a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) transmitiram a reunião ao vivo.

Campbell Marques tinha determinado a exclusão dos vídeos na semana passada. De acordo com o ministro, “o material veiculado em mídias sociais, em razão da proximidade do pleito, poderia, ainda, caracterizar meio abusivo para obtenção de votos, com o aumento da popularidade do representado [Bolsonaro], potencializada pelo lugar de fala por ele ocupado”.

“Há risco evidente de irreversibilidade do dano causado ao representante e à própria Justiça Eleitoral, no que tange à confiabilidade do processo eleitoral, em razão da disseminação de informações falsas, relativamente ao sistema de votação e totalização de votos, adotado há mais de vinte anos por este Tribunal”, observou Campbell Marques.

Ele ainda afirmou que o discurso do presidente “parece configurar abuso no exercício da liberdade de expressão, consabido que no Brasil não há direito fundamental que se revista de natureza absoluta, até mesmo a liberdade de expressão e manifestação do pensamento, uma vez que o seu exercício, na espécie, encontra limite na proteção da imagem da Justiça Eleitoral e do processo eleitoral, que tem, como principais objetivos, a garantia da normalidade das eleições, da legitimidade do voto e da liberdade democrática”.

Partido alegou que reunião não teve cunho eleitoral
O PL, partido de Bolsonaro, disse ao TSE que a reunião entre o chefe do Executivo e os embaixadores não teve cunho político e não pode ser considerada propaganda eleitoral antecipada negativa. Segundo o partido, o ato se tratou de uma reunião de governo, e não da campanha de Bolsonaro à reeleição.

O PL argumentou que Bolsonaro conduziu o evento na condição de chefe de Estado e não de pré-candidato, “sem a presença, aliás, de qualquer dirigente partidário do PL”, menciona a defesa.

O partido também disse que, dado o caráter oficial do evento, não compete ao TSE o exame de nenhuma irregularidade, “diante da latente ausência de relação com a disputa entre [pré-]candidatos no pleito vindouro”.