Quase cinco em cada dez (47,3%) reajustes salariais negociados até o começo de agosto não recuperaram as perdas provocadas pela inflação dos 12 meses anteriores medida pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Os dados fazem parte de um levantamento divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Pelo levantamento, a proporção dos reajustes que ficaram acima da inflação calculada pelo INPC chegou a 31,8%, enquanto aqueles que ficaram igual ao indicador chega a 20,8% do total. A variação real média dos reajustes salariais de julho (média simples das variações reais de cada reajuste na data-base) foi negativa: -1,10%. Considerando apenas os reajustes com ganhos acima do INPC, a variação real em julho foi de 0,39%. Levando em conta só resultados abaixo desse índice, a variação real foi de -2,57%.
Com a deflação de 0,6% verificada em julho, o reajuste necessário para “zerar” a inflação nas negociações com data-base em agosto (inflação dos 12 meses encerrados em julho) caiu para 10,12%. No acumulado do ano, até julho, reajustes iguais ou acima do INPC foram mais frequentes no comércio (69,6%).
Na indústria, o percentual de resultados iguais e acima da inflação (65%) é um pouco inferior ao observado no comércio, mas é no setor industrial que se nota o maior percentual de reajustes com aumentos reais (26,9%). No setor de serviços, por sua vez, mais da metade dos reajustes (52,6%) ficaram abaixo da inflação. Já entre os estados, os maiores pisos salariais médios e medianos seguem na região Sul (respectivamente R$ 1.578,41 e R$ 1.547,07); e os menores, no Nordeste (respectivamente R$ 1.371,34 e R$ 1.265,12).