Com críticas a Moraes, desembargador eleitoral se desliga do cargo no DF

Sebastião Coelho da Silva, corregedor do TRE-DF, reprovou discurso de posse do presidente do TSE e disse que não pode mais continuar no cargo

Foto: TJDF/Reprodução

O desembargador Sebastião Coelho da Silva, corregedor do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF), criticou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, e anunciou a própria aposentadoria durante uma sessão da Corte nessa sexta-feira.

Coelho da Silva reclamou do discurso proferido por Moraes na cerimônia de posse na Presidência do TSE, que aconteceu na última terça-feira, e disse não ter mais condições de exercer o cargo de desembargador diante do posicionamento do ministro. Segundo o desembargador, “o seu discurso é um discurso que inflama, é um discurso que não agrega, e eu não quero participar disso”.

“Esperava, sinceramente, que o eminente ministro aproveitasse a presença dos principais candidatos, dos ex-presidentes da República e do presidente da República para fazer uma conclamação de paz para a nação. Mas ao contrário, o que eu vi, ao meu sentir, o eminente ministro Alexandre de Moraes fez uma declaração de guerra ao país. Eu não vou cumprir discurso de ministro. O magistrado tem que ter sobriedade”, ponderou o desembargador.

Coelho da Silva comentou, ainda, que decidiu se aposentar por estar insatisfeito com o Supremo Tribunal Federal (STF). “Eu vivi aqui os meus melhores momentos até hoje. É uma alegria grande. Eu estou comunicando a minha aposentadoria. Isso por quê? E eu respondo. Há muito tempo, e não posso falar outra palavra, eu preciso tomar cuidado com elas, não estou feliz com o Supremo Tribunal Federal. Então, quem não está feliz no órgão não pode continuar”, justificou.

Posse de Moraes
Ao assumir a Presidência do TSE, Moraes ressaltou a importância das urnas eletrônicas e frisou que a Justiça Eleitoral vai ser firme no combate à desinformação nas eleições deste ano. Quando o ministro falou sobre as urnas, parte da plateia o aplaudiu de pé.

Moraes ainda lembrou que a Justiça Eleitoral teve que lutar ao longo dca história “contra forças que não acreditaram no estado democrático de direito” e queriam impedir o uso das urnas eletrônicas para continuar desvirtuando votos. “A Justiça Eleitoral, com coragem, encerrou essa fase nefasta da democracia brasileira”, disse.

Moraes afirmou também que o TSE vem continuamente aperfeiçoamento o processo eleitoral, com o objetivo de “garantir total segurança e transparência ao eleitorado”. O ministro exaltou, ainda, o fato de que no Brasil o eleitorado consegue saber o resultado das eleições no dia da votação e ressaltou que a população confia no sistema.