Ônibus urbanos perderam 10,8 milhões de passageiros em 2021

Em números absolutos, em 2019, eram realizadas 33 milhões de viagens por passageiros por dia, número que caiu para 22 milhões

Foto: Ricardo Giusti/CP

Apesar da recuperação de 37,8% da demanda de passageiros pagantes transportados pelos ônibus urbanos em 2021 ante o ano anterior, quando comparado com o cenário pré-pandemia, em 2019, a queda registrada ainda é expressiva, da ordem de 32,6%. Isso equivale a uma redução de 10,8 milhões de viagens realizadas por passageiros pagantes por dia, em todo o país.

Os dados fazem parte do Anuário da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) 2021-2022, divulgado nesta terça-feira em um seminário do setor em São Paulo (SP).

Segundo a NTU, a análise da demanda se baseia na comparação para os meses de abril e outubro de cada ano.

O mês de abril de 2021 registrou recuperação de 119,5% em relação ao mesmo mês do ano anterior, período no qual foram atingidos os maiores índices de isolamento social, resultando em impacto na quantidade de passageiros transportados nas cidades do Brasil. Já no mês de outubro de 2021, houve uma pequena redução de 2,1%, na comparação com o mesmo período do ano anterior.

De acordo com um monitoramento feito pela NTU sobre os impactos da pandemia, de novembro de 2021 a abril de 2022 os níveis mensais de demanda registrados oscilaram entre 66,8% e 71,3%, em relação à situação do período da pré-pandemia.

“Os dados podem indicar um cenário de estabilização do nível de demanda, em patamar próximo a 70% dos níveis de 2019”, divulgou a entidade. Como não há indicação, até o momento, de que essa perda de passageiros possa ser totalmente revertida, a NTU considera concreta a possibilidade de encolhimento estrutural do setor.

Em números absolutos, em 2019, antes da pandemia, eram realizadas 33,2 milhões de viagens por passageiros pagantes por dia no país, número que caiu para 22,4 milhões em 2021 (-32,6%).

O anuário indica ainda que a oferta de transporte público por ônibus aumentou 8,5%, em 2021, na comparação com o ano anterior. Já em julho de 2020, pouco mais de quatro meses após o início da pandemia, a oferta do serviço atingiu mais de 70% da situação observada anteriormente. Em abril de 2022, o nível da oferta subiu para 82,3% do verificado em 2019. “Isso ocorreu porque o setor atendeu às orientações das autoridades sanitárias, em relação à importância de garantir o distanciamento social no interior dos ônibus”, avalia a NTU.

De acordo com o presidente-executivo da NTU, Francisco Christovam, o resultado impressiona pelo impacto negativo. “Os sistemas organizados de transporte público por ônibus urbano, presentes em 2.703 municípios brasileiros, tiveram uma perda acumulada de R$ 27,8 bilhões, do início da pandemia a abril deste ano, segundo revela o levantamento mais recente feito pela associação, que serviu de base para o anuário”, disse.

Christovam salienta que a redução da produtividade é uma condição estrutural do setor há anos, independentemente do impacto maior causado pela pandemia. A queda acumulada durante toda a série histórica é de 41,5%. Em relação ao ano de 2019, ainda há baixa de 2,5% da produtividade. De acordo com o anuário, o crescimento de 2021 significa que o setor quase atingiu o nível de produtividade anterior à pandemia.

“As consequências são terríveis para a população e para a economia de todo o país”, admite o dirigente. De acordo com ele, a frota à disposição atinge, em quase três décadas, a maior idade média de uso.