PL alega que evento de Bolsonaro com embaixadores não teve cunho político

Partido disse que Bolsonaro conduziu reunião com embaixadores na condição de chefe de Estado, não de candidato à reeleição

Foto: Reprodução / Youtube

O PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, disse ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que a reunião entre o chefe do Executivo e os embaixadores, na qual ele criticou o sistema eleitoral, não teve cunho político e não pode ser considerada propaganda eleitoral antecipada negativa. Segundo o partido, o ato era uma reunião de governo, não da campanha de Bolsonaro à reeleição.

Em 18 de junho, o presidente reuniu embaixadores e representantes diplomáticos no Palácio da Alvorada, criticou o sistema eleitoral, levantou suspeitas sobre as urnas eletrônicas e atacou os ministros do TSE e do Supremo Tribunal Federal (STF). Após o evento, partidos de oposição questionaram a postura do presidente e solicitaram a retirada, das redes sociais, do conteúdo da reunião.

No entanto, o PL argumenta que Bolsonaro conduziu o encontro na condição de chefe de Estado e não de pré-candidato, “sem a presença, aliás, de qualquer dirigente partidário do PL”, cita a defesa. O partido também disse que, dado o caráter oficial do evento, não é competência do TSE examinar qualquer irregularidade, “diante da latente ausência de relação com a disputa entre (pré)-candidatos no pleito vindouro”.

Evento com embaixadores
No evento com os embaixadores, Bolsonaro lembrou o inquérito aberto pela Polícia Federal para apurar eventuais invasões dos sistemas do TSE, em 2018. “O hacker disse claramente que ele teve acesso a tudo dentro do TSE. Disse mais: ‘obtive acesso aos milhares de códigos-fonte’, que teve acesso a uma senha de um ministro do TSE, bem como de outras autoridades. Segundo o TSE, os hackers ficaram por oito meses nos computadores”, comentou o presidente.

O chefe do Executivo tornou-se alvo de uma investigação, em tramitação no STF, por ter divulgado em uma live informações referentes a um inquérito policial sigiloso em 2021.

Em outro momento, Bolsonaro declarou que há vídeos, de quase cem pessoas, com eventuais erros das urnas eletrônicas no pleito de 2018, em que ele saiu vitorioso. “Temos quase cem vídeos de pessoas que iam votar em mim e foram para outra pessoa. E nenhum vídeo mostrando o contrário. Nós queremos corrigir falhas, queremos transparência e democracia de verdade”, afirmou.

Bolsonaro também defendeu a participação das Forças Armadas nas eleições. Os militares foram convocados para participar da Comissão de Transparência Eleitoral e realizaram uma série de sugestões, algumas acatadas e outras rejeitadas pela Corte Eleitoral. “O comando de defesa cibernética é algo extremamente sério, com pessoas mais que habilitadas, confiáveis”, disse o presidente.

A reunião repercutiu entre políticos, diplomatas e outras autoridades. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que uma democracia forte se constrói com respeito à divergências, mas que a segurança do sistema eleitoral não pode mais ser colocada em dúvida. Já o Supremo pediu para a população não caia em notícias falsas sobre a urna eletrônica.

A Associação dos Diplomatas Brasileiros (ADB) divulgou uma nota pública em defesa do processo eletrônico de votação. O documento ressalta que o sistema brasileiro motiva o interesse da comunidade internacional. “Desde sua implantação, em 1996, o sistema brasileiro de votação eletrônica é objeto de reiteradas demandas de cooperação internacional de transferência de conhecimento e tecnologia”, sustenta o texto.