Em primeiro diálogo desde a guerra, Zelensky conversa com Bolsonaro sobre exportação de grãos

Durante telefonema, líder europeu pediu adesão do país às sanções contra a Rússia

Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky | Foto: Reprodução/Twitter

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, informou nesta segunda-feira que conversou com o colega brasileiro, Jair Bolsonaro, por telefone, sobre exportações de grãos ucranianos com o objetivo de evitar uma crise alimentar global.

“Tive uma conversa com o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. Eu o informei sobre a situação no front (da guerra). Discutimos a importância de retomar as exportações de grãos ucranianos para evitar uma crise alimentar global, provocada pela Rússia. Faço um apelo a todos os parceiros para que se juntem às sanções contra o agressor”, afirmou em redes sociais o líder ucraniano.

No último domingo, Bolsonaro afirmou que não pretendia sugerir nenhum tipo de solução à guerra provocada pela Rússia. “Não vou propor, e quem sou eu para propor isso. Eu vou responder de acordo com o que ele perguntar. Pretendo falar para ele o que eu acho se ele perguntar para mim alguma coisa. Onde pudermos colaborar, vou dar minha opinião. Só vou dar se ele pedir”, disse o presidente.

Na semana passada, porém, Bolsonaro tinha dito que uma possível saída para a guerra passa pela rendição dos ucranianos e comparou a atual situação à Guerra das Malvinas, conflito entre a Grã-Bretanha e a Argentina, em 1982, que terminou após as tropas argentinas se renderem.

Questionado se pretendia dar esse conselho a Zelensky, o presidente desconversou. “É uma questão de Estado. Isso não pode vazar. É segredo de Estado. São dois países que têm sua importância. Um é bélico, nuclear. O outro não é um país nuclear, é uma potência dos commodities (aquilo que se produz em grande quantidade para ser exportado)”, analisou.

O telefonema entre Zelensky e Bolsonaro consistiu no primeiro diálogo entre os líderes desde o início do conflito, iniciado no dia 24 de fevereiro. Até hoje, o chefe do Executivo brasileiro nunca condenou a invasão por parte da Rússia e manteve os laços comerciais com Moscou. Nas últimas semanas, inclusive, anunciou que “está quase certo” um acordo com a Rússia para a compra de diesel.

A reportagem procurou o Ministério das Relações Exteriores e aguarda retorno.