Ipea aponta que inflação das famílias de renda alta foi de 0,98% em junho

Foto: Rovena Rosa/ Agência Brasil

A inflação daquelas famílias de renda alta subiu mais de 60% em junho na comparação com o indicador daquelas de renda muito baixa. Os dados são da pesquisa Inflação por Faixa de Renda divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e mostram que a Inflação por Faixa de Renda variou entre 0,61% para o segmento de renda muito baixa e 0,98% para a classe de renda alta.

Com a incorporação deste resultado, no acumulado do ano, até junho, a inflação registra altas que variam de 5,43% (renda muito baixa) a 5,69% (renda alta). No acumulado em 12 meses, à exceção da faixa de renda média-alta, com taxa de variação de 11,5%, todas as demais registram altas próximas a 12,0%.​​

No caso das famílias com rendas mais baixas, mesmo com a queda nos preços dos tubérculos e legumes (-5,5%), das hortaliças (-3,8%) e das carnes (-0,6%), o principal impacto veio do grupo “alimentos e bebidas”, repercutindo os reajustes dos derivados do trigo e do leite – macarrão (1,9%), farinha de trigo (3,0%), pão francês (1,7%) e leite longa vida (10,7%) –, além dos aumentos do feijão (9,7%) e do frango em pedaços (1,7%).

Em relação aos grupos “saúde e cuidados pessoais” e “transportes”, a pressão veio das altas dos produtos farmacêuticos (0,61%) e de higiene (0,55%), e das tarifas de ônibus urbano (0,72%). Entretanto, as quedas nos preços do gás de botijão (-0,40%) e da energia elétrica (-1,1%) contribuíram para amenizar a alta inflacionária das famílias de menor poder aquisitivo, dado o grande peso desses itens nas suas cestas de consumo.

No caso das famílias de renda mais alta, o maior foco de pressão inflacionária veio do grupo transportes, cujo impacto da alta das passagens aéreas (11,3%), do seguro de veículos (4,2%) e dos automóveis novos (1,3%) anulou, inclusive, o alívio vindo das deflações da gasolina (-0,72%) e do etanol (-6,4%).

No que diz respeito aos grupos “alimentos e bebidas” e “saúde e cuidados pessoais”, os reajustes de 1,3% da alimentação fora do domicílio e de 3,0% dos planos de saúde explicam boa parte da influência positiva desses segmentos. Por fim, ainda que em menor intensidade, os aumentos dos ingressos para boates (1,9%) e cinemas e teatros (1,5%), e dos pacotes turísticos (1,5%) também contribuíram para a inflação das famílias de renda alta.

HABITAÇÃO E ENERGIA ELÉTRICA

Na comparação com o mesmo período do ano passado, a pesquisa identifica que, à exceção da faixa de renda muito baixa, que aponta leve recuo (0,01 ponto percentual) entre 2021 e 2022, todas as demais classes registram aceleração, com destaque negativo para as famílias de renda alta, cuja inflação avançou de 0,36%, em 2021, para 0,98%, em 2022.

Para as famílias de renda mais baixa, essa pequena desaceleração veio da melhora do grupo “habitação”, cujas deflações de 1,1% da energia elétrica e de 0,4% do gás de cozinha contrastam com as altas de 2,0% e 1,6%, observadas em junho de 2021, respectivamente. Já para as famílias de renda mais elevada, o principal fator explicativo da taxa de inflação mais baixa em junho de 2021, conforme o Ipea, está no comportamento dos grupos “transportes” e “saúde e cuidados pessoais”.