MDB gaúcho volta a reunir Executiva para tratar da disputa ao governo

Presidente nacional Baleia Rossi almoça com grupo de lideranças do partido antes do encontro, marcado para o início da tarde

Baleia Rossi, presidente nacional do MDB | Foto: Cleia Viana / Câmara dos Deputados / CP

O presidente nacional do MDB, o deputado federal por São Paulo Baleia Rossi, desembarca na manhã desta quarta-feira em Porto Alegre, em mais uma tentativa de dar fim ao impasse sobre qual rumo o partido vai seguir na eleição estadual. A direção nacional defende que o MDB gaúcho abra mão da candidatura própria ao governo e apoie a pré-candidatura do ex-governador Eduardo Leite (PSDB), ocupando a vaga de vice na chapa. A tese é encampada por parte do grupo do hoje pré-candidato do MDB ao Piratini, o deputado estadual Gabriel Souza. Mas representantes da chamada velha guarda da legenda, como o ex-governador José Ivo Sartori e o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, e parcela dos órgãos internos, como a Juventude, defendem que o MDB mantenha candidatura própria.

Uma nova reunião da executiva do MDB ocorre às 14h30min desta quarta, com a presença do presidente nacional e de deputados da legenda. Antes, contudo, Baleia almoça com lideranças emedebistas na churrascaria ‘Na Brasa’. Nos encontros, além da discussão sobre as duas diferentes teses, deve ser tratada de forma mais detalhada a questão dos recursos financeiros do partido para o RS. Integrantes do entorno de Gabriel dizem que, se a sigla insistir na candidatura própria, a chapa majoritária não vai ter prioridade na destinação de recursos financeiros por parte da nacional, o que pode acabar “asfixiando” a campanha. A justificativa é a de que o comando em Brasília trabalha pela aliança com o PSDB como uma forma de contrapartida do apoio tucano à pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB/MS) à presidência da República. Com isso, a tendência é de que os maiores montantes sejam direcionados às eleições proporcionais e a estados onde a sigla disputa reeleição.

Na outra ponta, defensores da candidatura própria do MDB ao governo devolvem que a nacional nunca ameaçou cortar recursos, e que demonstra um interesse ‘ímpar’ pelo RS, mas não conseguiu garantir a exclusividade do palanque do aliado tucano para Simone em São Paulo, maior colégio eleitoral do país e estado de Baleia. Lá, no fim de semana, o governador Rodrigo Garcia (PSDB), pré-candidato à reeleição, fechou um acordo com o União Brasil e vai ter palanque duplo na corrida presidencial: para Simone e para o também pré-candidato a presidente, deputado Luciano Bivar (UB/PE). O MDB deve indicar o vice de Garcia e o UB ficar com a vaga do Senado.

A depender dos tucanos gaúchos e da parte do MDB que quer se aliar a Leite, a estratégia de negociação adotada em São Paulo vai ser replicada no RS, onde, também na manhã desta quarta, o UB oficializa, em café da manhã, o apoio à pré-candidatura do ex-governador. Com isso, fica garantido o palanque tucano para Bivar no RS. E, se o MDB marchar com Leite, ele abre palanque ainda para Simone, seguindo a mesma configuração adotada pelo PSDB paulista em relação à corrida presidencial. A diferença é apenas em relação a vaga do Senado, negociada aqui não com o UB, mas sim com o PSD e o Podemos.

No caso do MDB, contudo, lideranças de diferentes alas admitem que a sucessão de decisões antagônicas passa uma mensagem de ‘fraqueza’ para a militância.

Duas semanas após o anúncio do ex-governador de que era pré-candidato, a executiva nacional emedebista aprovou indicativo de apoio ao tucano no Rio Grande do Sul. O presidente estadual, Fábio Branco, respondeu com uma convocação do diretório do MDB para 10 de julho. Descontentes ameaçaram apresentar uma moção com proposta de aliança com o PL, do pré-candidato Onyx Lorenzoni. Após diferentes solicitações, a executiva gaúcha se reuniu de forma extraordinária, na última sexta-feira, e cancelou a reunião do diretório. Reforçou ainda a decisão pela pré-candidatura de Gabriel ao governo e recomendou o encaminhamento dessa posição à convenção partidária, marcada para 31 de julho. Nessa segunda-feira, Baleia Rossi encaminhou ofício a Fábio Branco reforçando a decisão tomada pelo comando nacional, de apoio aos tucanos e, na sequência, decidiu vir ao RS.