ONU: pandemia reduz expectativa de vida em 3 anos na América Latina

Estimativa caiu de 72,8 para 71 anos na média global

Foto: Ricardo Giusti / CP

A expectativa de vida global ao nascer caiu para 71 anos em 2021, abaixo dos 72,8 em 2019, interrompendo uma sequência de cinco de décadas de crescimento. As informações foram divulgadas, nesta segunda-feira, data em que se celebra o Dia Mundial da População, em relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre as perspectivas populacionais em 2022.

A redução decorre do impacto da pandemia de Covid-19, que varia entre regiões e países. No centro e sul da Ásia e na América Latina e Caribe, por exemplo, a expectativa de vida ao nascer caiu quase 3 anos entre 2019 e 2021. Para Bolívia, Botsuana, Líbano, México, Omã e Rússia, as estimativas caíram mais de 4 anos entre 2019 e 2021.

Por outro lado, a população combinada da Austrália e Nova Zelândia ganhou 1,2 ano, devido a menores riscos de mortalidade durante a pandemia para algumas outras causas de morte. A pandemia também “restringiu severamente” todas as formas de mobilidade humana, incluindo a migração internacional. “A magnitude do impacto da pandemia nas tendências migratórias é difícil de determinar devido a limitações de dados”, esclarece o relatório.

Neste ano, a população mundial também vai atingir a marca de 8 bilhões de pessoas, projeção prevista para ocorrer em novembro. As últimas projeções das Nações Unidas também sugerem que a população global pode crescer para cerca de 8,5 bilhões em 2030, 9,7 bilhões em 2050 e 10,4 bilhões em 2100.

O crescimento populacional é possível, em parte, pelo declínio dos níveis de mortalidade, como refletido no aumento dos níveis de esperança de vida ao nascer. Segundo a ONU, globalmente, a expectativa de vida atingiu 72,8 anos em 2019, um aumento de quase 9 anos desde 1990. Prevê-se que novas reduções na mortalidade resultem em uma longevidade média mundial de cerca de 77,2 anos em 2050.

A expectativa de vida ao nascer para as mulheres excedeu a dos homens em 5,4 anos em todo o mundo, situando-se em 73,8 e 68,4, respectivamente. “Uma vantagem de sobrevivência feminina é observada em todas as regiões e países, variando de 7 anos na América Latina e no Caribe a 2,9 anos na Austrália e Nova Zelândia”, detalha o relatório da ONU.

Crescimento

Após queda na mortalidade, o crescimento populacional vai continuar ocorrendo enquanto a fecundidade permanecer em níveis altos níveis. Quando a fertilidade começar a cair, a taxa anual de crescimento populacional também vai perder força.

Em 2021, a fecundidade média da população mundial chegou a 2,3 nascimentos por mulher ao longo de uma vida, tendo caído de cerca de 5 nascimentos por mulher em 1950. A fecundidade global é projetada para diminuir para 2,1 nascimentos por mulher até 2050.

Em 2020, a taxa de crescimento global caiu abaixo de 1% ao ano pela primeira vez desde 1950. A população mundial deve atingir um pico de cerca de 10,4 bilhões de pessoas durante a década de 2080 e permanecer nesse nível até 2100.