Um grupo de 34 gaúchos está retido, desde sábado, na Aduana Paso Internacional Los Libertadores, no Chile, próximo à fronteira com a Argentina. Moradores de Teutônia e Estrela, no Vale do Taquari, eles ficaram impedidos de se locomover devido a uma forte nevasca que bloqueou o tráfego rodoviário. A maioria passou dos 50 anos, sendo um deles um idoso de 84. Há ainda uma criança de seis anos entre o grupo.
Centenas de veículos acabaram presos no local. “A neve não para. Tá nevando o tempo todo. Tem lugares que chegam a ter dois metros de altura de neve. Nós estamos em galpão aqui na aduana”, relatou uma das turistas, Lia Kich, em um vídeo que circula nas redes sociais desde o fim de semana.
Segundo relatos dos turistas, a expectativa é de que consigam ser transferidos até esta terça. Uma nova nevasca é prevista para a metade da semana e, caso não consigam sair do país, terão de aguardar pelo menos até o próximo domingo. A 2,1 mil quilômetros de casa, o grupo de gaúchos enfrenta temperaturas de até -18ºC à noite.
Os brasileiros dizem ainda não ter recebido o mesmo tratamento que os chilenos por parte das autoridades. Em outro vídeo gravado por Lia, ela relata que o grupo vinha se alimentando apenas de biscoitos e salgadinhos, enquanto turistas chilenos receberam dormitórios, cobertores e comida. Somente na noite desse domingo oficiais do Exército do Chile foram ao local e disponibilizaram uma refeição.
“Eles não estavam dando comida para brasileiros. Não sei por qual motivo. A gente ia até o restaurante e eles barravam a gente na porta. Tem uma lancheria lá dentro, mas eles não vendiam nada para nós”, contou Gerson Henrich da Silva em um vídeo enviado à RecordTV RS. Ainda segundo ele, o Itamaraty entrou em contato e a situação deixou de ser tão crítica. “Disseram que, pra nos salvar, só o Exército chileno. Disseram que o consulado do Brasil estava entrando em contato com o do Chile, para tentar nos ajudar”, disse.
Somente nesta segunda-feira, os brasileiros tiveram acesso a banho. “Nos deixaram tomar banho. Dormimos dentro do ônibus para nos manter aquecidos. Estão trabalhando dia e noite para limpar acessos à estrada”, relatou, em mensagem de texto à Rádio Guaíba, outra turista, Dulce da Rosa.
O grupo saiu do Vale do Taquari na quarta-feira. Depois de passarem por Mendoza, na Argentina, os gaúchos se dirigiam a Santiago do Chile para ficar mais quatro dias. Após, o plano era voltar a Mendoza antes de retornar ao Brasil. Embora o trabalho de retirada da neve continue, não há previsão de liberação do trânsito.
Procurado pela Rádio Guaíba, o Ministério das Relações Exteriores informou que mantém contato com as autoridades locais para monitorar as condições dos brasileiros retidos no Chile. “Com respeito à situação dos caminhoneiros retidos, todos se encontram alojados em abrigos mantidos pelo governo chileno. Os passageiros do ônibus de turismo retido, por sua vez, receberam alimentos e foram, igualmente, alojados em abrigos”, cita a nota.
O Itamaraty também estima que o trecho chileno da travessia esteja totalmente liberado até quarta-feira.