Polícia apura suposto crime de intolerância após morte de político no Paraná

Marcelo de Arruda foi baleado ao festejar aniversário com tema político. Agente penitenciário que atirou também foi atingido

Policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho (E) disparou contra o guarda municipal Marcelo Aloízio de Arruda (D). Foto: Reprodução/Redes Sociais

Um dos líderes do PT (Partido dos Trabalhadores) e guarda municipal em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, foi assassinado em uma festa do próprio aniversário na madrugada deste domingo. O caso é investigado como intolerância política, mas ainda não há confirmação oficial da motivação do crime. A delegacia de homicídios da cidade apura as mortes.

O suspeito é agente penitenciário federal. Também baleado, ele foi autuado em flagrante e internado em estado estável em hospital. Até a tarde deste domingo, continuava na UTI.
Segundo o boletim de ocorrência, o guarda municipal Marcelo Aloizio de Arruda, de 50 anos, comemorava o aniversário com a temática do PT com amigos e familiares.

Durante a confraternização, o agente penitenciário federal, identificado como Jorge José da Rocha Guaranho, teria chegado ao local em um veículo Creta, acompanhado por uma mulher e uma criança.

Conforme o relato de testemunhas, o agente federal teria descido do carro com uma arma na mão, gritado o nome do presidente Jair Bolsonaro e deixado o local. A festa continuou e o suspeito teria retornado, desta vez sozinho.

Ao perceber a presença do agente, a companheira de Marcelo, que é policial civil, se identificou e, na sequência, Marcelo teria relatado que era guarda municipal. O agente, então, atirou contra o guarda, que também estava armado e revidou. Os dois homens ficaram baleados na discussão.

Socorristas do Siate (Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência) foram acionados e prestaram atendimento às vítimas. Marcelo não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Guaranho foi internado em estado grave, em um hospital de Foz do Iguaçu.

O agente penitenciário é policial penal federal e trabalha na Penitenciária de Catanduvas, no Oeste do Paraná, que fica a cerca de 200 quilômetros de Foz do Iguaçu. As duas armas, do guarda e do policial, foram recolhidas e encaminhadas para perícia.

O corpo de Marcelo foi encaminhado para o IML (Instituto Médico Legal) de Foz do Iguaçu. O secretário municipal de segurança pública, Marcos Antônio Jahnke, lamentou a morte do guarda, que prestava serviços à cidade há 28 anos.

Marcelo Aloizio de Arruda era da primeira turma da Guarda Municipal e estava na corporação há 28 anos. Ele também era diretor da executiva do Sismufi (Sindicato dos Servidores Municipais de Foz do Iguaçu).

Repercussão 

Ainda neste domingo, candidatos à Presidência da República, deputados, senadores e outros políticos se manifestaram neste domingo repudiando atos de violência política e lamentando o assassinato do guarda municipal de Foz do Iguaçu. Entre os políticos que prestaram solidariedade estão: Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), André Janones (Avante), Lula (PT), Luciano Bivar (União Brasil), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), e o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).

Pelo Twitter, o atual chefe do Executivo escreveu: “independente das apurações, republico essa mensagem de 2018: Dispensamos qualquer tipo de apoio de quem pratica violência contra opositores. A esse tipo de gente, peço que por coerência mude de lado e apoie a esquerda, que acumula um histórico inegável de episódios violentos. É o lado de lá que dá facada, que cospe, que destrói patrimônio, que solta rojão em cinegrafista, que protege terroristas internacionais, que desumaniza pessoas com rótulos e pede fogo nelas, que invade fazendas e mata animais, que empurra um senhor num caminhão em movimento (… ) que as autoridades apurem seriamente o ocorrido e tomem todas as providências cabíveis, assim como contra caluniadores que agem como urubus para tentar nos prejudicar 24 hora por dia”.