Saques da poupança no semestre são os maiores em 27 anos, revela Banco Central

Foto: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil

A mais tradicional entre as aplicações financeiras, a poupança bateu recorde de retiradas em 2022. Conforme dados do Banco Central, nos seis primeiros meses do ano, os brasileiros sacaram R$ 50,4 bilhões a mais do que depositaram na caderneta de poupança. O volume é o mais alto desde o início da série histórica, em 1995.

Por causa da greve dos servidores do BC, a divulgação do relatório estava paralisada por quase três meses. Apenas em junho, os brasileiros sacaram R$ 3,7 bilhões a mais do que depositaram na poupança. A retirada líquida, diferença entre saques e depósitos, é a maior registrada para o mês desde 2015.

Em abril, a caderneta registrou retirada líquida de R$ 9,8 bilhões, o maior volume da série histórica. Em maio, a aplicação reagiu e teve captação líquida (depósitos menos saques) de R$ 3,5 bilhões, o maior valor desde 2020. Em 2020, a poupança registrou captação líquida recorde de R$ 166,31 bilhões.

A aplicação foi pressionada pelo fim do auxílio emergencial, pelos rendimentos baixos e pelo endividamento maior dos brasileiros. A retirada líquida só não foi maior que a registrada em 2015 (R$ 53,57 bilhões) e em 2016 (R$ 40,7 bilhões). Naqueles anos, a forte crise econômica levou os brasileiros a sacarem recursos da aplicação.

Até recentemente, a poupança rendia 70% da Taxa Selic (juros básicos da economia). Desde dezembro do ano passado, a aplicação passou a render o equivalente à taxa referencial (TR) mais 6,17% ao ano, porque a Selic voltou a ficar acima de 8,5% ao ano.

Atualmente, os juros básicos estão em 13,25% ao ano. O aumento dos juros, no entanto, foi insuficiente para fazer a poupança render mais que a inflação, provocando a fuga de alguns investidores. Nos 12 meses terminados em junho, a aplicação rendeu 5,75%, segundo o Banco Central.