O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, acelerou para 0,67% em junho, depois e registrar uma alta de 0,47% em maio. Em junho do ano passado, a variação havia sido de 0,53%, e em 2022, o indicador acumula alta de 5,49% e, nos últimos 12 meses, de 11,89%. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (8), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e é a maior taxa para o mês em quatro anos, e interrompe a sequência de duas desacelerações consecutivas.
Os números continuam acima da meta do Banco Central para a inflação neste ano, de 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Ou seja, variando entre 2% e 5%. O maior impacto foi do grupo de Alimentação e Bebidas, que subiram 0,8% no mês. O destaque foi para o consumo fora do domicílio, com alta de 0,95% para refeições e 2,21% para lanches.
No mês, alta maior do índice foi influenciada principalmente pelo aumento de 0,8% nos preços dos itens que compõem o grupo de alimentação e bebidas, que tem grande peso no índice geral (21,26%). O dado foi puxado, principalmente, pelo aumento nos preços dos alimentos para consumo fora do domicílio (1,26%), com destaque para a refeição (0,95%) e o lanche (2,21%).
“Nos últimos meses, esses itens não acompanharam a alta de alimentos nos domicílios, como a cenoura e o tomate, e ficaram estáveis”, afirma Pedro Kislanov, gerente responsável pelo IPCA. “Assim como outros serviços que tiveram a demanda reprimida na pandemia, há também uma retomada na busca pela refeição fora de casa. Isso é refletido nos preços”, explica.
Nas refeições dentro de casa, os preços do leite longa vida (+10,72%) e do feijão-carioca (+9,74%) foram os mais sentidos no bolso. Com isso, os alimentos para consumo no domicílio subiram 0,63%. Por outro lado, houve queda em itens importantes desse grupo, como a cenoura (-23,36%), a cebola (-7,06%), a batata-inglesa (-3,47%) e o tomate (-2,7%).
Kislanov avalia que dois fatores que influenciam a queda desses alimentos: o componente sazonal e a base de comparação alta devido ao grande aumento de preços nos primeiros meses do ano. “A partir de abril e maio, o clima começa a ficar seco e isso melhora a produção, a oferta aumenta e os preços caem”, pontua o pesquisador.
Ele também destaca a atuação do próprio consumidor na queda do valor dos alimentos ao substituir um produto por outro no momento da compra. “Nesse caso, o varejista é forçado a diminuir os preços”, afirma ele.
Outro fator que influenciou o resultado do índice em junho foi o aumento dos planos de saúde (+2,99%) após a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) autorizar o reajuste de até 15,5% nos convênios individuais, com vigência a partir de maio e o ciclo se encerrando em abril de 2023.
“No IPCA, houve, em junho, a apropriação das frações mensais de maio e junho, o que impactou bastante esse resultado”, pontua Kislanov ao citar que o item representou o maior impacto individual no índice do mês (0,10 p.p.) e impulsionou a alta de 1,24% no grupo de saúde e cuidados pessoais.
Com a manutenção da inflação na casa dos dois dígitos, o BC (Banco Central) admite que o índice encerrará 2022 acima do teto da meta pelo segundo ano seguido. O alvo do CMN (Conselho Monetário Nacional) para o IPCA é 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto (de 2% a 5%).
O novo furo do teto da meta também é previsto pelo Ministério da Economia, que revisou de 6,5% para 7,9% a expectativa de inflação para este ano. Para o mercado financeiro, o indicador oficial deve fechar o ano em 8,89%.
(*) com R7