Denúncias de assédio sexual no governo federal crescem 65% em 2021, aponta CGU

Foram 251 manifestações, entre comunicações e denúncias, de assédio sexual em 95 unidades; neste ano, foram 218 denúncias até o momento

Funcionárias da Caixa em protesto contra Pedro Guimarães, em Brasília. Foto: Karla Beatryz/R7

Dados da Controladoria-Geral da União (CGU) apontaram que as denúncias de assédio sexual dentro do governo federal aumentaram 65% no ano passado em comparação com 2020. Em 2021, houve 251 manifestações, entre comunicações e denúncias, de assédio sexual em 95 unidades federais, entre elas diversos órgãos do governo, incluindo ministérios, hospitais, institutos federais e universidades. Já em 2020, o número havia sido de 152. Estatais, como a Caixa Econômica Federal, não aparecem nessa relação.

Ao que tudo indica, 2022 deve registrar mais uma elevação. De janeiro a junho, 218 denúncias já foram protocoladas, de acordo com o órgão. Os dados, do painel “Resolveu?”, também indicaram aumento nos relatos de assédio moral. Em 2021, foram 1.982 manifestações; em 2020, 1.468; em 2019, 820. Neste ano, foram 1.153 em seis meses.

Recentemente, foram divulgados depoimentos de funcionárias da Caixa com acusações ao ex-presidente Pedro Guimarães de assédio sexual. As suspeitas foram reveladas pelo portal Metrópoles. Na última quarta-feira, o economista pediu demissão. Ministério Público Federal. Tribunal de Contas da União e Ministério Público do Trabalho abriram procedimentos para investigar o caso.

Sobre os dados de assédio, a CGU afirmou que a base de dados se refere às manifestações recebidas pelos órgãos do Executivo por meio da plataforma Fala.BR, que teve os primeiros dados coletados em dezembro de 2014. O uso da plataforma passou a ser obrigatório em setembro de 2018. Por isso, a CGU observa que, a partir desta data, o número de denúncias aumentou.

A Controladoria afirmou ainda que foram intensificadas no atual governo “ações de sensibilização e capacitação relacionadas aos temas de assédio moral e sexual, bem como de proteção aos denunciantes”. O órgão pontuou que desenvolveu a campanha de integridade do governo, iniciativa busca “apoiar os órgãos e as entidades em ações de promoção de um ambiente mais ético e transparente”.

A campanha, lançada em abril do ano passado, “trata, dentre outros temas, tanto de assédio sexual quanto de assédio moral, com informações sobre como combater e denunciar essas situações”.

Já o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) informou que registrou desde 2019 somente três denúncias no órgão. “O ministério se preocupa com o bem-estar de todos os seus servidores e colaboradores e trabalha para evitar qualquer tipo de assédio”, declarou a Pasta, em nota.