Resultados da avaliação diagnóstica de ensino foram “lamentáveis”, considera secretária de Educação do RS

De acordo com os dados, alunos do 3º ano do Ensino Médio demonstraram conhecimento de 7º ano do Fundamental em Matemática

Foto: Juliano Jaques / CP Memória

Foram considerados “lamentáveis” os resultados da avaliação diagnóstica aplicada a alunos do 5º ano do Ensino Fundamental (EF) e do 3º ano do Ensino Médio (EM) da rede pública estadual em março deste ano. A secretária estadual de Educação, Raquel Teixeira, apresentou os dados a deputados da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (AL-RS).

O levantamento avaliou, nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, mais de 624 mil alunos, do 2º ao 9º ano/EF e do 1º ao 3º ano/EM, de 2.147 escolas da rede estadual. Os dados mostraram que, em Língua Portuguesa, 27% dos alunos do 5º ano ficaram abaixo do nível básico, enquanto 33% atingiram nível avançado.

Em Matemática, 43% desses estudantes ficaram abaixo do nível básico. No 9º ano, 80% foram classificados dessa forma e, no 3º ano do Médio, 92%. Ainda no 3º ano/EM, os conhecimentos considerados como “adequado” e “avançado” não atingiram 4%.

Segundo Raquel, os números mostraram, ainda, que alunos do 3º ano/EM saem da escola com nível de Matemática de 6º e 7º ano, “ou seja, raciocínio lógico, dedutível e abstrato não existem. Isso é quadro muito assustador”, qualifica.

Os caminhos para a recuperação da defasagem de aprendizagem dos alunos, de acordo com Raquel, envolvem aumento da carga horária de Português e Matemática e adoção dos programas “Aprende Mais”, “Escolha Certa” e “Bolsa de Permanência”.

A secretária informou, ainda, que vai haver concurso público para o Magistério. O edital deve ser publicado em julho para a contratação de 1,5 mil docentes. Ela também abordou questões relativas à evasão, busca ativa e transporte escolar, sendo que o assunto deve voltar à debate, em data a ser definida.

Para a diretora do Departamento de Educação do Cpers/Sindicato, Rosane Zan, a avaliação é falha, já que dimensiona apenas parte das perdas de aprendizagem em áreas específicas do conhecimento e sem considerar as demais dificuldades. “Não se pode avaliar um aluno, sem, antes, conhecê-lo; e sem saber sobre seu ano letivo. Estamos batendo nesta tecla desde o início, já que o governo vem tentando implementar o Novo Ensino Médio sem antes conhecer os alunos e suas dificuldades”, disse.

Sobre o período de aplicação do diagnóstico, Rosane aponta inadequação, já que os alunos haviam recém retornando da fase pandêmica. Mas entende que fica ainda mais claro como o ensino presencial é importante para o desenvolvimento dos alunos de todas as idades.