Mais de 5 mil pessoas fazem manifestação contra a privatização da Corsan em Porto Alegre

Trabalhadores da estatal também deflagraram estado de greve e ameaçaram iniciar paralisação “a qualquer momento”

Foto: Guilherme Almeida/Correio do Povo

Mais de 5 mil pessoas de cerca de 30 movimentos sociais de diversas partes do Rio Grande do Sul integraram uma manifestação contrária à privatização da Corsan, organizada, nesta terça-feira, em Porto Alegre, pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgoto do RS (Sindiágua/RS).

Os trabalhadores da Corsan também deflagraram estado de greve e ameaçaram iniciar uma paralisação “a qualquer momento”, caso não sejam atendidas as demandas relacionadas às negociações com a estatal.

A caminhada se iniciou em frente à sede do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), seguindo até a sede da Corsan e, depois, até a frente da Assembleia Legislativa, passando por diversas outras importantes vias da capital.

Os manifestantes mantêm contrariedade à venda das ações da estatal de saneamento gaúcha, anunciada pelo governo do Estado para ocorrer em julho, na B3, em São Paulo. A categoria também reclama da “recusa da empresa” em iniciar as negociações do acordo coletivo de trabalho previamente aprovado.

“Estamos na luta pela água pública. A empresa que comprar a Corsan vai abocanhar com facilidade os departamentos municipais que hoje estão em dificuldade. E a Corsan também recebeu nossa pauta e não se manifestou. Toda a sociedade gaúcha está mobilizada contra a privatização da água, e esta é uma luta suprapartidária”, alega o presidente do Sindiágua/RS, Arilson Wünsch. O sindicato e os movimentos sociais também fazem campanha contrária a uma eventual privatização do Dmae, cujo projeto é discutido no âmbito da capital.

Também presente à manifestação, o presidente do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), Edson Zumar, disse que o saneamento básico público é um direito da população. “Vimos recentemente no caso da CEEE Equatorial… O quanto é ineficiente e o quanto está caro. Com a água vai ser algo muito pior. Estamos mobilizando os colegas do saneamento como um todo, para que isso não aconteça. Que o prefeito [Sebastião] Melo tenha a sensibilidade de ouvir a cidade e tomar a melhor decisão”, afirmou.

Os ex-prefeitos de Porto Alegre José Fortunati, Raul Pont e João Dib estiveram no ato e discursaram ao público presente. O fluxo de trânsito, complicado por diversos momentos, teve acompanhamento da EPTC. Somaram-se ao movimento representantes de organizações como Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Levante Popular da Juventude e Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).