A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que vê com “gravidade” as acusações contra o presidente Jair Bolsonaro por supostamente vazar informações sobre a operação Acesso Pago, da Polícia Federal, para o ex-ministro Milton Ribeiro. A magistrada encaminhou à Procuradoria-Geral da República (PGR) uma notícia-crime contra o chefe do Executivo.
Milton Ribeiro é acusado de chefiar um esquema de tráfico de influência. De acordo com as investigações, o ex-ministro se reunia com os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos na sede do Ministério da Educação, em Brasília, e recebia dos religiosos orientações para envio de verbas a prefeituras com obras pendentes.
Em troca de influenciar no envio desses recursos aos municípios, os pastores pediam propina, de acordo com denúncias de prefeitos com os quais tiveram contato. Ribeiro e os religiosos foram alvos da Operação da PF, na quarta-feira passada. No entanto, semanas antes de ser alvo de busca e apreensão, em uma ligação com a filha, Milton Ribeiro afirmou que conversou com o presidente Jair Bolsonaro. O chefe do Executivo disse estar “com a impressão” de que o ex-ministro corria risco de ser alvo da PF.
“Considerando os termos do relato apresentado e a gravidade do quadro narrado, manifeste-se a Procuradoria-Geral da República. Na sequência, retornem-me os autos imediatamente conclusos”, escreveu a magistrada.
A notícia-crime havia sido apresentada pelo deputado federal Israel Batista (PSB-DF). Ele sustenta haver elementos indicando a “possibilidade de vazamento das apurações no caso, com possível interferência ilícita por parte de Jair Bolsonaro” e pede a eventual responsabilização do presidente por crimes nas esferas administrativa e penal.