Brasil tem menos assalariados e mais empresas sem trabalhadores, aponta IBGE

Crédito: Helena Pontes/Agência IBGE Notícias

No primeiro ano da pandemia, em 2020, o Brasil registrou, ao mesmo tempo, aumento no número de empresas e redução no contingente de pessoas ocupadas nelas. No período,  houve fechamento de 32.467 empresas empregadoras de todos os tamanhos, incluindo micro, pequenas ou grandes companhias, que resultaram na demissão de mais de 825 mil assalariados.

O retrato é parte da pesquisa Estatísticas do Cadastro Central de Empresas – 2020 (Cempre 2020), divulgada nesta quinta-feira, 23, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizada anualmente com informações dos registros administrativos da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, como a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), e dados do eSocial.

No Rio Grande do Sul, o número de empresas passou de 472.708 para 480.698, um crescimento de 1,7%. Foi o segundo menor crescimento de unidades locais do País. Apesar disso, o Estado é o 4º no ranking nacional.

Pelo levantamento do IBGE, que considera apenas empresas formais, o número de companhias no país subiu 3,7% em 2020, para 5,4 milhões. Só que esse crescimento foi puxado por aquelas sem nenhum empregado assalariado, ou seja, formadas apenas por sócios e proprietários.

O salário médio pago pelas empresas brasileiras caiu 3% em 2020, frente ao ano anterior, para R$ 3.043,81, ou 2,9 salários mínimos. Já a massa salarial recuou 6% naquele ano, ante 2019, para R$ 1,8 trilhão, a maior queda na série histórica da pesquisa do IBGE, intensificada pela redução contingente de pessoas ocupadas.

PERDA DE RENDA

O diagnóstico da perda de renda dos trabalhadores de empresas formais no primeiro ano da pandemia é parte do levantamento. “Houve queda tanto do salário médio mensal (-3%, já corrigido pela inflação, quanto da massa salarial, que é o total de salários pagos, que caiu ainda mais, 6%. Na média, o trabalhador passou a receber menos. Mas a queda da massa foi ainda maior pela diminuição do pessoal ocupado”, explica o analista do IBGE Thiego Gonçalves Pereira, responsável pela pesquisa.

Com relação ao pessoal ocupado total, o Rio Grande do Sul foi o único da Região Sul a apresentar decréscimo (de 3.399.799 para 3.337.241) de -1,8%. O pessoal ocupado assalariado caiu 2,9% (de 2.809.907 para 2.729.518 pessoas). Já os sócios e proprietários cresceram 3% em relação a 2019, passando de 589.892 para 607.723 no ano seguinte). Quanto ao pessoal assalariado, o mercado gaúcho é o 5° do Brasil e, em relação ao número de sócios e proprietários, ocupa a 4ª posição do País.

Já com relação à salários e remunerações, o RS apresentou uma perda de 7,7% (a Região Sul é segunda que mais diminuiu nesse quesito, -5,9%). O salário médio mensal, no Estado, passou de R$ 3.096,96 para R$ 2.984,94, o que representa uma perda de 3,6% entre 2019 e 2020 (embora ainda seja o 1º na comparação regional e o 7º no ranking da Brasil).

Conforme o levantamento, o Rio Grande do Sul é o 2° Estado que mais possui unidades exportadoras (11% do total), perdendo apenas para São Paulo, que detém 42,4% desse tipo de unidade no País.