A prefeitura do Rio de Janeiro, através da secretaria de saúde, confirmou na noite de hoje mais dois casos de varíola do macaco envolvendo residentes do município. As ocorrências se unem a outras 14 já registradas no país, conforme informou mais cedo o Ministério de Saúde. Três estados notificaram essas 16 ocorrências: São Paulo, com dez, Rio de Janeiro, com quatro, e Rio Grande do Sul, com duas.
Segundo a prefeitura do Rio, os dois novos casos confirmados envolvem homens, de 25 e 30 anos. Nenhum deles teve histórico de viagem internacional recente ou contato com viajante. Portanto, são possivelmente dois casos autóctones, quando a infecção ocorre dentro do estado de origem.
Considerando as novas ocorrências, a capital fluminense registra agora três casos confirmados, todos de pacientes em isolamento domiciliar e monitorados diariamente. Segundo a secretaria de saúde do município, todos mantêm boa evolução clínica. O órgão também informou que monitora pessoas que tiveram contato com esses pacientes. A cidade de Maricá responde pela outra ocorrência já confirmada no Rio.
O levantamento divulgado mais cedo pelo Ministério da Saúde, embora ainda sem os dois novos casos do Rio, incluía três ocorrências recentes em São Paulo, também foram confirmadas hoje. Todos os pacientes são do sexo masculino e residentes na capital paulista. Segundo o Ministério de Saúde, dos 14 casos até então relatados, três eram considerados autóctones. Outros 11 foram classificados como importados, uma vez que os pacientes possuíam histórico de viagem para a Europa.
Quadros estáveis
Até o momento, não há no país registro de casos que evoluíram para uma situação grave. Tanto o Ministério da Saúde como as autoridades sanitárias estaduais e municipais relataram quadros clínicos leves e estáveis. Na Europa, que concentra mais de 80% das ocorrências do surto atual, também não há notificação de óbitos até o momento.
Há duas cepas conhecidas da varíola do macaco. Uma delas, considerada mais perigosa por ter uma taxa de letalidade de até 10%, é endêmica na região da Bacia do Congo. A outra, com taxa de letalidade de 1% a 3%, é endêmica na África Ocidental e é a que vem sendo detectada em outros países nesse surto atual. Ela produz geralmente quadros clínicos leves.
Conhecida internacionalmente como monkeypox, a varíola do macaco é endêmica em regiões da África. Em maio, começaram a ser detectados novos casos na Europa e nos Estados Unidos, gerando uma preocupação sanitária internacional. Desde então, segundo Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 3 mil casos já foram notificados em mais de 40 países.
A doença é causada por um vírus da família dos poxvírus, a mesma da varíola humana, erradicada em 1980. O nome se deve ao fato de ter sido detectada inicialmente em colônias de macacos, embora o vírus possa ser encontrado principalmente em roedores. Entre pessoas, a transmissão ocorre por contato direto, como beijo ou abraço, ou por feridas infecciosas, crostas ou fluidos corporais, além de secreção respiratória.
A infecção costuma resultar em um curto período de febre, seguido da formação de lesões e nódulos na pele ou erupção cutânea generalizada. Após a contaminação, os primeiros sintomas aparecem entre seis e 16 dias. As lesões progridem para o estágio de crosta, secando e caindo após um período que varia entre duas e quatro semanas. O maior risco de agravamento envolve pessoas imunossuprimidas com HIV/AIDS, transplantados, pessoas com doenças autoimunes, gestantes, lactantes, crianças com menos de 8 anos de idade e pacientes com leucemia, linfoma ou metástase.
Não existe um tratamento específico. Como prevenção, a pessoa doente deve ficar isolada até que todas as feridas tenham cicatrizado. Também é recomendado evitar contato com qualquer material que tenha sido usado pelo infectado. Outra medida indicada pelas autoridades sanitárias é a higienização das mãos, lavando-as com água e sabão ou utilizando álcool gel.