Impulsionado pela estiagem, PIB gaúcho registra queda de 3,8% no primeiro semestre de 2022

Por conta da estiagem, setor teve declínio de 28,1% no comparativo com os últimos três meses de 2021

Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

O Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul registrou queda de 3,8% no primeiro trimestre de 2022, em relação aos três últimos meses do ano passado. Os dados foram apresentados, nesta terça-feira, durante videoconferência realizada pelo Departamento de Economia e Estatística, vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG).

Conforme o órgão, o baixo desempenho do PIB gaúcho nos três primeiros meses deste ano teve relação direta com o desempenho da agropecuária. No período, o setor primário teve redução de 28,1% por conta dos efeitos da estiagem.

O titular da SPGG, Claudio Gastal, explicou, de forma sucinta, os principais pontos que fizeram o Estado registrar esse desempenho nos primeiros três meses do ano.

“Uma base alta de 2021, a estiagem que começa a afetar e os efeitos desta estiagem. E aí, vamos olhar que o segundo trimestre de 2022 deve ter uma queda maior (do PIB) em virtude da alta que nós tivemos no segundo trimestre do ano passado. Então, essa acaba sendo uma característica do Rio Grande do Sul”, detalhou o secretário, que também afirmou que o resultado obtido no primeiro trimestre do ano não é motivo para “terra-arrasada”.

Gastal projeta, ainda, que a implementação do Programa Avançar pode gerar efeitos no PIB gaúcho no curto, médio e longo prazo.

“A questão de crescimento de PIB está diretamente ligada a capacidade de investimento. Então, no curto prazo, quando nós temos um Avançar – programa de investimentos em diversos segmentos do governo estadual – que está colocando R$ 6 bilhões de investimentos no Estado, pegando na questão de logística, infraestrutura… vai ter efeito, rebatimento no PIB, melhorando em curto prazo. Mas, além disso, no médio e longo prazo estamos falando em aumento de competitividade”, pontuou.

Além da agropecuária, o Rio Grande do Sul também registrou queda de 1,4% na Indústria, sendo que a Indústria de Transformação – a mais representativa do Rio Grande do Sul – com queda de 1,8%, e do segmento de Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana, com redução de 1,6% foram os responsáveis pela baixa.

Já nos Serviços, o Comércio apresentou baixa 2%, enquanto outros Serviços, Atividades Imobiliárias e Transportes, Armazenagem e Correio tiveram altas de 0,8%, 1,3% e 1%, respectivamente.

Comparativo

Na comparação do primeiro trimestre de 2022 com o mesmo período do ano passado, a queda se mostrou ainda mais expressiva, de 4,7%. Segundo o Departamento de Economia e Estatística, o impacto maior também veio da Agropecuária que, no período, apresentou baixa de 41,1%, impulsionado pela falta de chuvas que afetou negativamente as culturas de soja (-53,5%), milho (-31,1%), uva (-23,4%), fumo (-15,0%) e arroz (-10,6%).

A Indústria teve baixa de 1,9% em relação aos três primeiros meses de 2021 – sendo que, na Indústria de Transformação, nove das 14 atividades apresentaram resultado negativo – enquanto no setor de Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana a queda chegou a 7,6%. Os setores de Construção e a Indústria extrativa mineral registraram crescimento entre janeiro e março, de 8,4% e 5,5%, respectivamente.

Sobre o desempenho do PIB para o fim do ano, a chefe da Divisão de Análise Econômica do DEE/SPGG, Vanessa Sulzbahc, disse que o órgão não trabalha com projeções. No entanto, ela estima que o efeito negativo sobre o indicador pode ser representativo. “Não sei precisar se vão ser 8%, 9% ou 7%, mas será bem representativo. A gente tem que esperar uma faixa importante negativa para o ano”, disse.

Brasil

Para efeito de comparação, o PIB brasileiro apresentou alta de 1,0% no primeiro trimestre de 2022. Já em relação ao mesmo período no ano passado, houve crescimento de 1,7%.