Oito pessoas são investigadas por participação na morte de Dom e Bruno

Além dos pescadores já presos, polícia apura participação de mais cinco pessoas, suspeitas de terem ajudado na execução e na ocultação dos cadáveres

Avião com restos mortais de Dom e Bruno chegando a Brasília Reprodução / Record TV

A investigação que atua no caso do jornalista britânico Dom Philips e do indigenista Bruno Pereira, assassinados na região do Vale do Javari, próximo à cidade de Atalaia do Norte, no Amazonas, apura a participação de ao menos oito pessoas no crime.

Três suspeitos já foram presos: os pescadores Amarildo da Costa Oliveira – que confessou ter matado Dom e Bruno e indicou o local onde os corpos foram enterrados -, Oseney da Costa de Oliveira e Jeferson da Silva Lima.

A Polícia Federal chegou a declarar na sexta-feira que não há mandante nem organização criminosa por trás das mortes, mas outras cinco pessoas passaram a ser monitoradas pelos investigadores.

“Prosseguem as investigações. Há indícios da participação [de mais pessoas] durante a execução e na fase de ocultação de cadáveres”, afirmou ao portal R7 o delegado de Polícia Civil Alex Perez Timóteo.

Caso

Dom e Bruno desapareceram em cinco de junho, após terem sido vistos pela última vez na comunidade São Rafael, nas proximidades da entrada da Terra Indígena Vale do Javari. Eles faziam viagem pela região entrevistando indígenas e ribeirinhos para produção de reportagens para um livro sobre o problema das invasões.

O Vale do Javari, terra indígena com o maior registro de povos isolados do mundo, é pressionado há anos pela atuação intensa de pescadores, garimpeiros e madeireiros ilegais, além de narcotraficantes.

Dom vivia em Salvador, na Bahia, e fazia reportagens sobre o Brasil havia 15 anos para o New York Times e o Washington Post, bem como para o jornal britânico The Guardian. Bruno era servidor da Funai (Fundação Nacional do Índio), mas havia se licenciado desde a exoneração, como chefe da Coordenação de Índios Isolados e de Recente Contato, em 2019.

Na quarta-feira, a Polícia Federal encontrou os restos mortais da dupla. A corporação encontrou os cadáveres depois de o pescador Amarildo da Costa confessar os assassinatos e levar policiais até o local onde enterrou os vestigios.

Exames realizados pela Polícia Federal no Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília, constataram que os materiais encontrados eram de Dom e Bruno. A perícia chegou à conclusão após analisar as arcadas dentárias das duas vítimas.

A perícia da PF indicou, ainda, que o jornalista e o indigenista foram mortos com tiros de uma arma de caça. Segundo a corporação, Bruno sofreu dois disparos no tórax e no abdômen e outro no rosto. Dom levou um tiro na região entre o tórax e o abdômen.