O Senado Federal aprovou a criação de uma comissão externa temporária para investigar o desaparecimento do indigenista Bruno Araújo e do jornalista britânico Dom Phillips. Os dois estão desaparecidos desde o último domingo (5), depois de terem ido a uma comunidade ribeirinha na região do Vale do Javari, no Amazonas.
A comissão terá duração de 60 dias e será composta por nove membros: três da Comissão de Direitos Humanos (CDH), três da Comissão de Meio Ambiente (CMA) e outros três da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou na última segunda-feira (13) que o Congresso Nacional precisa dar uma resposta em relação à situação da criminalidade que atua na floresta amazônica brasileira, especificamente na região do Vale do Javari. Pacheco frisou que existe um “Estado paralelo” na região.
“Um Estado paralelo comandado por crime organizado de tráfico de drogas transnacional, tráfico de armas, supressão vegetal ilegal, que é nosso maior probema de meio ambiente no Brasil e na imagem do Brasil lá fora, o garimpo ilegal, que move pequenas organizações que se valem daquelas riquezas, e os atentados aos povos da floresta”, disse no início da sessão.
Pacheco afirmou que as comissões de Meio Ambiente (CMA), de Constituição e Justiça (CCJ) e de Direitos Humanos (CDH) precisavam se organizar para identificar quais os reais problemas da região amazônica. Em seguida, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) apresentou o requerimento de criação da comissão externa.
No requerimento, o senador afirmou que “o caso não pode ser tratado com indiferença, sendo necessário o envio de todos os recursos possíveis para que tenha uma rápida solução, sobretudo com o esclarecimento das causas do aparente crime, bem como de seus mandantes e executores, inclusive para que se tenham subsídios suficientes para evitar, de uma vez por todas, que o exercício da proteção ao meio ambiente e às minorias e que o exercício do jornalismo deixem de ser atribuições de risco no Brasil”.
“A comissão externa deverá, portanto, investigar in loco as causas do aumento da criminalidade e de atentados contra povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos e jornalistas na região Norte e em outros estados, assim como fiscalizar as providências adotadas diante do desaparecimento do indigenista Bruno Araújo e do jornalista Dom Phillips, servindo como subsídio para eventual pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito”, defendeu.