Os mais ricos tiveram uma inflação maior, em maio, que aqueles mais pobres. A informação consta da pesquisa Inflação por faixa de renda, divulgada nesta terça-feira, 14, pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e aponta que a inflação variou entre 0,29% para o segmento de renda muito baixa e 0,93% para a classe de renda alta.
Com este resultado, no acumulado do ano, até maio, a inflação registra altas que variam de 4,66% (renda alta) a 4,85% (renda média). Já no acumulado em 12 meses, as taxas apontam altas inflacionárias entre 11,2% (renda média-alta) e 12% (renda muito baixa).
As maiores contribuições para o resultado vieram dos grupos transportes; alimentos e bebidas; e saúde e cuidados pessoais. No caso dos transportes, além da alta de 1,0% dos combustíveis, destaque para o reajuste de 18,3% nas passagens aéreas – que impactou a inflação do segmento de renda mais alta – e os aumentos das tarifas de ônibus intermunicipal (1,2%) e interestadual (1,4%) – que pressionaram principalmente a inflação das classes de renda mais baixa.
Em relação aos alimentos, embora, em maio, tenham ocorrido quedas de preços de itens importantes – tubérculos (-10,1%), hortaliças e verduras (-3,2%) e frutas (-2,3%) –, os aumentos dos farináceos (3,2%), dos leites e derivados (3,4%), dos panificados (1,8%) e de aves e ovos (1,7%) explicam a pressão exercida por este grupo sobre a inflação, especialmente para as famílias de renda mais baixa.
De modo semelhante, o reajuste de 2,5% dos medicamentos também impactou de forma mais intensa a inflação dos segmentos de menor renda, pelo maior peso destes itens na cesta de consumo destas famílias. Em contrapartida, o peso maior da energia elétrica no orçamento das classes de renda mais baixa comparativamente à faixa de renda mais alta fez com que a queda de 8,0%, observada em maio, gerasse um alívio inflacionário maior para a população de menor renda.
Na comparação com o mesmo período do ano passado, nota-se que, enquanto a inflação do segmento de renda muito baixa diminuiu, passando de 0,92% em maio de 2021 para 0,29% em maio de 2022, a taxa apurada na faixa de renda mais alta avançou de 0,50% para 0,93%, na mesma comparação. Para as famílias de renda mais baixa, esta desaceleração veio da melhora do grupo habitação, cujas deflações de 8,0% da energia elétrica e de 1,0% do gás de cozinha contrastam com as altas de 5,4% e 1,2%, respectivamente, observadas em maio de 2021.