A Polícia Civil realizou na manhã desta terça-feira a operação Delta contra dois golpes cometidos por criminosos, sendo um através do comércio online e outro envolvendo troca de imagens de nudes. Nesse segundo crime, os golpistas faturaram em torno da R$ 1 milhão em nove meses do ano passado. Houve o cumprimento de 27 mandados de busca e apreensão e oito mandados de prisão temporária em Porto Alegre, São Leopoldo, Cachoeirinha, Eldorado do Sul, Santa Cruz do Sul, Pântano Grande e Guaíba. Em torno de 80 agentes foram mobilizados. Sete suspeitos foram detidos.
O primeiro golpe ocorreu através de uma plataforma de vendas online, utilizando a foto do diretor da 3ª Delegacia de Polícia Regional do Interior (3ª DPRI), delegado Sandro Luís Meinerz, com um perfil falso nas redes sociais. Uma antiga imagem do policial civil foi obtida nas redes sociais pelos golpistas. Através da página fake, os criminosos entravam em contato com alguém que ofertava produtos, manifestando interesse na compra. Depois, enviavam um motorista de aplicativo até a casa do vendedor.
A vítima avisava o golpista, que simulava a realização do depósito pela compra, enviando comprovante falso de depósito para o vendedor. Acreditando ter recebido o valor, ele entregava o produto ao suposto motorista do aplicativo e depois constatava que nenhum dinheiro foi pago pela mercadoria entregue.
Já no golpe do nudes, uma mulher se passava por uma jovem, com uma página falsa no Facebook. Ela enviava um convite de amizade para homens, preferencialmente mais velhos, com boa condição financeira e casados. No falso perfil eram adicionadas fotos sensuais retiradas de páginas de terceiros.
Após as vítimas aceitarem o convite de amizade, a golpista passava a manter diálogos e convencia as vítimas a fornecerem seus números de telefone. Através do aplicativo WhatsApp, passava a conversar e ganhar intimidade até convencer as vítimas a trocarem fotos de conteúdo íntimo, como nudez.
As vítimas acreditando estarem conversando com uma jovem, passavam a trocar imagens e vídeos íntimos. A partir daí, os criminosos informavam que se trata de uma menor de idade e exigiam valores para evitar que as vítimas fossem processadas ou presas pelo crime de pedofilia. O envio das imagens era a base para que o golpe tivesse êxito, pois os golpistas usavam isso como ferramenta de intimidação, alegando que as vítimas teriam praticado um crime grave.
Para a prática criminosa, em um primeiro momento, alguém simulava ser o pai da adolescente. Nesta etapa do golpe, o criminoso começa com as ameaças de divulgação dos diálogos e das imagens trocadas com a suposta menor de idade, seja para familiares da vítima ou para a polícia, caso a vítima não pagasse os valores exigidos.
Quando não conseguiam obter os valores exigidos, passavam para uma segunda fase, na qual simulavam se tratar de um policial civil ou de um advogado, inclusive enviando vídeo ou foto de uma suposta delegacia. O grupo criminoso usava dados de pessoas mortas, bebês e adolescentes para montar a farsa.
Através de dados de depósitos indicados pelos próprios criminosos às vítimas foi possível chegar aos autores do crime. O líder foi identificado como um apenado recolhido na Cadeia Pública de Porto Alegre. O detento era responsável por captar os cúmplices, ensinar o golpe e efetuar ligações às vítimas, além de delegar tarefas demais envolvidos no esquema.
Durante a investigação, os policiais civis descobriram também transferências muito elevadas. Os valores eram oriundos de pessoas físicas e jurídicas, sejam em depósitos únicos ou parcelados, como R$ 40 mil, R$ 17 mil e R$ 31 mil. No período de janeiro a setembro de 2021, cerca de R$ 1 milhão teriam sido movimentados pelos criminosos.