“Ele já não está mais entre nós: “Para ser sincera, não existe mais esperança”, disse a aposentada Maria Lúcia Farias Sampaio, de 78 anos, sogra do jornalista britânico Dom Philipps, durante ato realizado no Rio de Janeiro, na manhã deste domingo. Ela é mãe de Alessandra Sampaio, casada com o profissional, que há sete dias está desaparecido na Amazônia, assim como o indigenista Bruno Pereira.
Os dois faziam o trajeto entre a comunidade ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte, no Vale do Javari, na Amazônia, quando sumiram. A polícia investiga o caso. A manifestação começou às 9h, na avenida Atlântica, em frente ao posto 6, na orla de Copacabana, na zona Sul. No local, Dom fazia aulas de stand-up paddle, quando ainda vivia na capital fluminense.
Organizado por amigos e familiares do jornalista, o ato teve o objetivo de pressionar as autoridades a intensificarem as buscas pelos dois desaparecidos, e a tomarem providências contra violações de direitos, frequentes na Amazônia.
“Estamos aqui em homenagem a Dom e Bruno”, disse Maria Lúcia. Já o sogro de Phillipps, o aposentado Luiz Carlos Rocha Sampaio, de 80 anos, disse ainda acreditar que os dois possam estar vivos. “Eu ainda alimento a esperança de encontrá-lo. Peço a Deus que não seja em vão essa nossa luta”, falou. Às 10h20min, um grupo de aproximadamente 50 pessoas, segurando cartazes com fotos dos desaparecidos, se reuniu para, em coro, gritar “onde estão Dom e Bruno?”
Família
Philipps e Alessandra tiveram três filhos. Ela continua em Salvador, cidade para onde o casal se mudou há um ano, depois de viver no Rio de Janeiro, e de lá acompanha as buscas pelo marido. Uma irmã dela viajou para a capital baiana ainda no fim de semana passado. O outro irmão de Alessandra, o produtor Marcus Farias Sampaio, de 49 anos, participou do ato no Rio. “A gente sabe que é muito difícil. Enquanto não houver uma resposta definitiva, a gente tem que acreditar. Mas a gente está aguardando o pior, embora tenha muita fé”, afirmou.
Lucélia Santos também esteve na manifestação. “Esse episódio vem escancarar a realidade trágica e horrorosa que está acontecendo no Brasil hoje. Que perseguem e matam as pessoas nessa região, já é do conhecimento de todos. O que a gente não podia imaginar é a vulnerabilidade do Exército, de não reunir as condições adequadas para a busca. A sociedade precisa se unir e exigir do governo o esclarecimento do caso. Dom e Bruno não podem simplesmente sumir no interior da floresta”, disse a atriz.