Cortes no orçamento da Educação rendem protestos no Rio Grande do Sul

Em Porto Alegre e cidades do Interior, estudantes e servidores foram às ruas contra o contingenciamento

Foto: Matheus Piccini/CP

Protestos de estudantes de universidades públicas contra os cortes de orçamento às instituições federais de ensino marcaram a quinta-feira em todo o país. Chamados de “9J”, os atos foram coordenados pela União Nacional dos Estudantes (UNE), em parceria com as Uniões Estaduais de Estudantes (UEEs) de diversos estados, incluindo o Rio Grande do Sul.

Em Porto Alegre, as atividades se iniciaram às 15h, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do RS (IFRS), e seguiram na Faculdade de Educação (Faced), da Universidade Federal do RS (Ufrgs), por volta das 17h. Com gritos de “Tira a tesoura da mão e investe na educação”, manifestantes de entidades como UNE, UEE e Assufrgs foram, ainda, até o Instituto de Artes da Ufrgs.

Atos semelhantes foram registrados no Interior gaúcho. Na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), houve audiência pública sobre os cortes. Estudantes da Unipampa, no Extremo-Sul do RS, foram às ruas pedir mais educação.

No IFRS, diversos campi expuseram contrariedade à redução no orçamento da Educação. Em Erechim, estudantes levantaram cartazes, com dizeres “Educação é investimento, somos contra os cortes!”. Na região Metropolitana de Porto Alegre, acadêmicos protestaram nas unidades de Alvorada, Farroupilha e Viamão.

De Viamão, veio o professor do IFRS Yuri Acorde, que falou sobre os motivos de descontentamento: “O corte afeta a raiz do IFRS e da Educação, não podemos fazer pesquisa nem extensão de verdade sem orçamento”.

O presidente da UEE-RS, Airton Silva, disse que os protestos foram coordenados e envolveram diversos setores da Educação com o objetivo de defender a universidade e conversar com a população.

A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), nas redes sociais, frisou: “Estamos nas ruas do Brasil para falar que a Educação muda vidas e pode salvar o país. Devolvam o orçamento da federal já”. A entidade avaliou que, apesar de os Institutos Federais serem importante pilar para o desenvolvimento socioeconômico regional, ainda são alvos de cortes, o que negligencia cerca de 1 milhão de alunos em todas as regiões do país.

A principal reclamação dos estudantes é acerca da redução de 7,2% nas verbas destinadas às universidades e institutos federais do país, anunciada pelo Ministério da Educação (MEC) na última semana.

Perda de recurso afeta todo o setor
A deputada federal Maria do Rosário (PT/RS), responsável pela solicitação da audiência pública que retirou da pauta da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, a PEC 206/2019, que previa a cobrança de mensalidades nas universidades públicas, também integrou hoje os atos contra a redução de orçamento. “Esses cortes inviabilizam o funcionamento cotidiano das universidades, desde abrir todos os dias a porta a acender a luz. É o dinheiro do custeio do dia-a-dia, e ainda há o corte dos salários dos educadores, que não têm reajuste há anos”, criticou.

Coordenadora da Assufrgs e bibliotecária da Faced, Sibila Binotto acrescentou que é inviável, para a universidade e os servidores, sobreviver com o mesmo orçamento de 2019. Já o presidente da UEE, Airton Silva, destacou o principal desejo dos estudantes: “Nós só queremos estudar. E para estudar precisamos ter sala de aula, investimento, luz e água”.