Bolsonaro pede que empresários reduzam lucro sobre a cesta básica

Presidente citou que produtos como óleo de soja, ovos, leite, açúcar e café lideraram reajustes

Foto: Fábio Rodrigues / Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro pediu, nesta quinta-feira, que os donos de supermercados e empresários da cadeia de abastecimento reduzam o lucro dos produtos que fazem parte da cesta básica do brasileiro.

O apelo se deu em videoconferência durante o Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento, da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), em São Paulo. Bolsonaro falou diretamente dos Estados Unidos, antes de se encontrar com o presidente Joe Biden e de fazer um pronunciamento na Cúpula das Américas.

“Em momentos difíceis como esses, entendo, todos nós colaborarmos. Então o apelo que eu faço aos senhores, para toda a cadeia produtiva, para que os produtos da cesta básica, cada um obtenha o menor lucro possível para a gente poder dar uma satisfação a uma parte considerável da população, em especialmente os mais humildes”, afirmou Bolsonaro.

Havia uma expectativa do governo de um acordo para baixar os custos dos alimentos básicos, mas que não se concretizou ainda. O presidente havia conversado com líderes do setor sobre o assunto e aposta que os supermercadistas diminuam a margem de lucro sobre produtos de cunho essencial.

Bolsonaro citou que produtos como óleo de soja, ovos, leite, açúcar e café são vilões do aumento da cesta básica. “Sei que margem de lucro tem diminuído, mas colaborem mais, Se for atendido, agradeço muito. Apelo a todos, o que for possível colaborar um pouco mais, fazer com que os mais necessitados tenham alimento um pouco mais barato na ponta da linha”, disse o presidente.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, também participou do evento de forma virtual, com o presidente da Abras, João Galassi.

Impacto da inflação

Em três anos, o custo da cesta básica aumentou 48,3%. O grupo de alimentos essenciais para a vida dos brasileiros passou de R$ 482,40, em fevereiro de 2019, para R$ 715,65, no mesmo mês de 2022, de acordo com a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

A alta é o dobro da inflação acumulada no período, de 21,5%, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O impacto da inflação no preço dos alimentos, assim como os combustíveis, preocupa o governo federal em ano de eleição.

Na segunda-feira, Bolsonaro anunciou medidas para tentar conter a alta do preço dos combustíveis. Entre as estratégias, o governo federal se compromete a compensar os estados pela perda de arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) desde que os governadores zerem as alíquotas do tributo nas operações que envolvem diesel e gás de cozinha.

Mesmo com a segunda desaceleração seguida, a inflação oficial subiu 0,47% em maio, na comparação com abril (+1,06%), de acordo com dados divulgados nesta quinta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, o IPCA agora apresenta alta de 4,78% neste ano e de 11,73% no acumulado dos últimos 12 meses, valor menor do que o apurado em abril (12,13%) e que corresponde à primeira queda na base de comparação em um ano.