Brasil descarta uma e mantém oito suspeitas de varíola do macaco

Doença atinge 1.077 pessoas em 31 países

Foto: Wikimedia Commons

Dos nove casos suspeitos de varíola do macaco (monkeypox) no Brasil, um está descartado, no Ceará, informou hoje o Ministério da Saúde. Oito suspeitas seguem em investigação – cinco envolvendo homens e três, mulheres. Há dois casos sob monitoramento em hospitais, conforme a Sala de Situação da doença.

A Sala de Situação busca divulgar orientações para resposta a casos de Monkeypox no Brasil, bem como direcionar as ações de vigilância quanto à definição de caso, processo de notificação, fluxo laboratorial e investigação epidemiológica no país.

Patrícia Carvalho, integrante do comando da sala, disse nesta quarta-feira, durante uma webinar promovida pelo ministério, que, entre os oito casos suspeitos, dois estão em Santa Catarina, nos municípios de Blumenau e Dionísio Cerqueira, e outros sob acompanhamento em Rondônia. “Trata-se de um casal de Rio Crespo (RO)”, disse.

Há, ainda, um caso suspeito em São Paulo (capital); um em Maracanaú (CE); um em Porto Alegre (RS); e um em Corumbá (MS). Segundo Patrícia, o caso suspeito em Corumbá “é de um boliviano, que encontra-se internado e está sendo acompanhado no Brasil”.

“Dos casos suspeitos, apenas três tiveram histórico de viagem para fora do Brasil”, acrescentou ela referindo-se a pessoas que vieram de Portugal, Argentina e Bolívia.

A representante da Secretaria de Vigilância de Saúde, Janaína Sallas, detalhou que, dos oito casos em situação suspeita, cinco envolvem pessoas de até 28 anos de idade. Os cinco do sexo masculino estão na faixa entre 15 e 51 anos; e os do sexo feminino, na de 25 a 27.

Até o momento, segundo as autoridades brasileiras, existe aumento de casos confirmados em pelo menos 31 países. O número está em 1.077 casos, sendo a maior parte em países onde a doença é endêmica, localizados no continente africano.

Patrícia Carvalho destacou, também, a importância de se notificar, o quanto antes, casos suspeitos que apresentem sinais e sintomas como febre, erupção cutânea e adenomegalia (espécie de íngua). Como a transmissão pode ser por fluidos corporais, gotículas ou materiais contaminados, ela sugere, como medida de prevenção, o uso de máscaras e a lavagem de mãos.

Europa
O representando da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Wildo Navegantes, falou sobre o cenário epidemiológico internacional, em especial sobre os casos de varíola do macaco registrados em europeus que adquiriram a doença sem terem viajado aos países endêmicos, na África.

“Ao que tudo indica, o surto teve início em meados de abril. Há alguns casos de transmissões relacionadas a atividades sexuais. Em boa parte, envolvendo relações sexuais fortuitas e com multiparceiros”, disse.

Conforme os especialistas, a vacina contra a varíola humana desenvolve resultados satisfatórios contra essa versão, que costuma estar mais presente em macacos e roedores.

Histórico
A varíola do macaco surgiu pela primeira vez em 1958, quando dois surtos de uma doença semelhante à varíola ocorreram em colônias de macacos mantidos para pesquisa. O primeiro caso humano dessa variante se registrou em 1970 no Congo. Posteriormente, relatos da doença em humanos apareceram em outros países da África Central e Ocidental.

A varíola do macaco ressurgiu na Nigéria em 2017, após mais de 40 anos sem nenhum caso relatado. Desde então, houve mais de 450 casos confirmados no país africano. Entre 2018 e 2021, foram relatados sete casos de varíola do macaco no Reino Unido, principalmente em pessoas com histórico de viagens para países onde existe endemia.